Nacional
Zé do Pipo

Mulher fala pela primeira vez e esclarece pormenores do desaparecimento

Qui, 20/12/2018 - 15:55

Em entrevista a Hernâni Carvalho a mulher de Nuno Batista fala, pela primeira vez, sobre os dias de angústia que tem vivido.

O episódio desta quinta-feira, dia 20 de dezembro, do programa Linha Aberta, da SIC, contou com uma entrevista exclusiva à mulher de Zé do Pipo. Esta foi a  primeira entrevista da mulher do cantor desde que este desapareceu a 5 de novembro. 

A teoria do suicídio é cada vez mais uma certeza entre os amigos e familiares de Nuno Batista. José Carlos Costa, amigo do cantor, afirma que este tinha «algumas perturbações e tudo aponta para que se tenha atirado ao mar».

Apesar disto, José revela que «todos foram apanhados de surpresa porque ninguém previa este desfecho».

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«Ele dizia que não tinha sentimentos»

Celeste deu a primeira entrevista após o desaparecimento de Nuno. Numa conversa intimista e sofrida, a mulher do cantor afirma que a esperança é quase inexistente.

Celeste e Nuno eram casados há 18 anos. A mesma afirma que esta não foi a primeira vez que o artista  sofreu uma depressão e que já existiam antecedentes familiares. 

«Já tinha tido (depressão) em 2016, depois recuperou. Foi também em agosto, este é um mês de depressão e viagens enormes» começa por afirmar. Entretanto, Celeste conta pormenores sobre as idas do marido ao psiquiatra e desvenda o que este sentia. 

«Em agosto ele decidiu ir ao psiquiatra mas a mediação não estava a fazer efeito. Voltámos lá, na altura ele dizia que não tinha sentimentos e que não sentia emoções. A cabeça dele estava completamente vazia. Os pais dele já tinham tido depressões e a tia também. O médico dizia que era hereditário».

Segundo Celeste, Nuno «era uma pessoa feliz» nos meses anteriores. Mas tudo mudou. O artista deixou de ser a pessoa alegre e divertida, só se transformava em palco.

«Ele em casa não falava, praticamente não falava. Pelo contrário, quando chegava ao palco era como se ligasse o botão de uma máquina qualquer. Mas não era ele que lá estava, era o Zé do Pipo».

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A própria família também acredita em suicídio

Na manhã de dia 5 de novembro, dia do desaparecimento, a mulher do cantor voltou a perguntar-lhe como se sentia. «Ele disse que estava na mesma. Não se sentia bem, continuava sem emoções e sem sentimentos.» afirma.

«Por volta das 14 horas o Nuno levantou-se e disse que ia ao banco e à farmácia. Às 16h30 comecei a achar estranha a demora. Nessa altura liguei para ele mas o telemóvel estava desligado, foi ai que liguei para a GRN de Óbidos», continua Celeste, descrevendo os pormenores do dia do desaparecimento do marido.

A viatura de Zé do Pipo foi encontrada perto do mar na quarta-feira, dia 7 de novembro. Apesar de não existirem certezas de que este tenha desaparecido no mar, Celeste acredita que foi esse o desfecho.

«O carro apareceu no dia seguinte. Eu abri-o e estava lá o telemóvel ligado, tinha sido ligado à meia noite. A essa hora tinha recebido uma mensagem a dizer que o número já estava disponível. Mandei mensagens e voltei a telefonar-lhe mas nunca obtive resposta. Junto com o telefone estavam também a carteira e o casaco».

Entretanto, Celeste é confrontada com o a possibilidade de o marido ter cometido suicídio. Para a mãe dos filhos do artista esse é o cenário mais provável. «Eu não acredito que ele tenha fugido para lado nenhum. Só não tenho a certeza do que aconteceu porque eu não o vi (o corpo)».

As buscas por Nuno Batista terminaram no dia 4 de dezembro, sem qualquer tipo de pista sobre o seu paradeiro.

Dívidas e problemas profissionais

Questionada sobre os rumores de possíveis dívidas e problemas profissionais, Celeste diz que são infundados. A depressão de Nuno acabou por ser mais forte do que o amor aos palcos e a personagem Zé do Pipo e este teve que se afastar, mas nunca demonstrou qualquer tipo de sentimento.

«Não há verdade nisso. Ele nunca demonstrou nada (nenhum sentimento) sobre o deixar de ser o Zé do Pipo, mas era impossível ele continuar porque ia voltar a ter depressões.»

Recorde-se que Celeste e Nuno Batista são pais de dois meninos. O mais novo com três anos e o mais velho com 16.

Texto: Inês Marques Fernandes: Fotos: DR

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