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Toy

Psiquiatra 'rasga' cantor pelos seus comentários polémicos sobre saúde mental

Qui, 18/02/2021 - 15:10

Toy fez declarações polémicas sobre saúde mental no "Extra" do "Big Brother", dia 16 de fevereiro, e foi alvo de duras críticas pelo psiquiatra Gustavo Jesus. O cantor defendeu o uso de cannabis e desvalorizou as doenças mentais nos jovens.

Toy está a ser alvo de duras críticas pelo psiquiatra Gustavo Jesus após o cantor defender o uso de cannabis e considerar a depressão a "doença da panela de pressão" no "Extra" do "Big Brother" na terça-feira dia 16 de fevereiro. 
 
"É extremamente inacreditável que a cannabis seja proibida e que os antidepressivos, super agressivos, sejam autorizados", afirmou, acrescentando: "É uma vergonha que a cannabis seja proibida, que é uma forma de nós podermos libertar a nossa ansiedade". 
 
Veja o vídeo de Toy no "Extra" aqui
 

Médico afirma: "Extremamente inacreditável"

 
Gustavo Jesus, psiquiatra no Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central, usou as redes sociais para tecer duras críticas a Toy sobre estas afirmações. "Extremamente inacreditável. Um programa de grande visibilidade como é o caso do 'Big Brother' deve servir também para 'passar mensagens importantes à sociedade'. É precisamente isso que o Toy diz neste vídeo, extraído de uma emissão de ontem", começou por dizer o médico, que já marcou presença no "Você na TV", anterior programa das manhãs da TVI.
 
"Infelizmente, apesar de sempre ter tido a minha simpatia e de merecer a homenagem de todos os que já cantaram e dançaram toda a noite, toda a noite, ao som da sua música, o Toy não escolheu as mensagens certas. Ao contrário do que diz:
 
- a depressão não é uma doença nova; sempre existiu e é descrita nos mais antigos manuais da medicina, muito antes de existirem medicamentos para a tratar;
 
- as pessoas não têm depressão por falta de outros problemas em que pensar, como a falta de dinheiro ou de comida. A depressão é uma doença do cérebro que resulta de fatores biológicos e ambientais (que incluem, aliás, os sócio-económicos, como a pobreza). Aqueles que reúnem um conjunto maior de fatores de risco têm mais probabilidade de desenvolver a doença;
 
- Os antidepressivos não são 'super agressivos', são hoje em dia medicamentos seguros, eficazes e com poucos efeitos adversos, e além disso salvam vidas. Por isso, afirmações como esta são de grande irresponsabilidade, porque podem influenciar quem as ouve no sentido de abandonar o tratamento ou de recusar iniciá-lo (isto partindo do pressuposto de que já ultrapassaram o estigma para ir ao psiquiatra)".
 

"Foi tão preocupante ouvir o Toy"

 
O psiquiatra continuou a chamar a atenção para algumas declarações do cantor, que garante serem falsas. "O Toy finaliza dizendo que estes problemas (referindo-se à depressão) existem. Lá nisso acertou. Mas diz também que 'é preciso ter muito cuidado com os químicos', não se lembrando certamente de que todas as substâncias que têm algum efeito sobre o cérebro são 'químicos'. Isso inclui as moléculas ativas da cannabis, da qual falou como possível tratamento, o que é absurdo à luz da evidência que existe", afirmou.
 
"Não confundir efeitos psicoativos imediatos de uma substância com o tratamento de uma doença. Portanto, e não excluindo a óbvia importância dos tratamentos psicoterapêuticos, está na altura de arranjar outro argumento para falar mal dos antidepressivos. Porque esses 'químicos' salvam vidas. E essa foi a razão pela qual foi tão preocupante ouvir o Toy. Aliás, mais do que preocupante, foi 'extremamente inacreditável'", finalizou. 
 
Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Reprodução redes sociais
 

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