Tomás Santos, ex-moranguito da série juvenil "Morangos com Açúcar", esteve à conversa com Júlia Pinheiro, esta segunda-feira (21), na SIC. Ainda a cumprir pena de prisão de 11 anos e seis meses, depois de ter sido apanhado em flagrante a traficar droga, pela segunda vez, o jovem aproveitou uma precária para falar sobre estes anos em que tem estado preso. O ex-ator recorda o que sentiu ao ouvir que ia ficar preso.
"Eu tinha consciência que era grave. O meu advogado disse-me que não ia ser fácil. Desde 2015 que entrei, que não voltei a sair. Foi duro (em tribunal ou ouvir a sentença), quando olhei para trás e vi o meu pai a chorar. Chorei para dentro várias vezes", diz.
Passaram sete anos desde que ouviu a sentença, mas o bom comportamento tem-lhe valido sair em liberdade algumas vezes. "As precárias são uma luz ao fundo do túnel. Uma sensação de conquista, de vitória. Consegui sobreviver até aqui. Ninguém vive dentro na prisão, sobrevive-se. É vida nenhuma", sublinha.
Aos 32 anos, Tomás Santos revela que sempre recebeu a visita dos filhos na prisão e que aquele não é um lugar para uma criança conhecer. "Nada agradável.Se eu pudesse e não fosse tão importante para eles o contacto fisico e a presença, se não os prejudicasse ainda mais não irem, nunca receberia um filho na cadeia. Não é sítio para uma criança ir. Durante os primeiros anos eles não sabiam que eu estava preso. O que os mais velhos achavam é que eu estava a trabalhar numa fábrica", conta, recordando como contou aos filhos que estava preso.
"Eles chegaram, e o mais velho perguntou se aquele sítio era a fábrica onde estava a trabalhar. Eu disse que sim, que tinha ido para ali como castigo por um erro que tinha cometido. E ele disse-me que já sabia ler e que viu que na tshirt do senhor estava escrito 'guarda prisional'. E foi aí que percebi que tinha chegado o dia para contar a verdade. Falei com eles de forma calma e serena, disse que me tinha portado mal e que estava ali preso. Foi preciso ter muita força", partilha.
Tomás Santos culpa-se todos os dias
A cumprir pena há sete anos, Tomás Santos garante que a sua principal condenação é outra. "Eu culpo-me a mim mesmo todos os dias por estes sete anos que não estive presente. Eu digo muitas vezes que 11 anos e 6 meses é uma pena alta, mas a maior condenação que tenho e que vou ter é o sentimento de culpa que vou carregar para o resto da minha vida. Não tem limite de anos. Não sei quando vou sair da prisão. Tenho bom comportamento, o horizonte é a liberdade condicional... Entrei com 20 e poucos anos, a prisão amadurece toda a gente. Os erros e asneiras que cometi não se apagam", sublinha o ex-ator.
Tomás Santos não tem planos para o futuro e explica que o seu foco agora "é terminar a pena e sair em liberdade". "Estou a falar contigo (Júlia Pnheiro) aqui e não tarda estou a entrar novamente. Deus sabe o que faz, sabe o que tira e sabe o que traz. Não sei o que vou fazer porque não sei quando vou sair. Gostava de voltar à representação, sinto-me bem em estar aqui", afirma, dizendo que quando sair em liberdade terá "a mulher, os filhos, pai e os amigos que ficaram" à sua espera.
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Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Reprodução Instagram e Arquivo Impala
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