A imagem está a correr a Internet e a emocionar milhares de portugueses. Os protagonistas são Nuno Moreira e Viviana Mendes, enfermeiros do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, que, como milhares de profissionais de saúde em todo o País, têm lutado com «unhas e dentes» contra o novo coronavírus.
A NOVA GENTE falou com Nuno, o enfermeiro que apesar do cansaço e da intensidade com que tem vivido os últimos dias, nos contou como foi captada a imagem que já conta com milhares de partilhas no Facebook.
«No dia antes desta foto as pessoas tinham tomado a iniciativa de baterem palmas à janela e eu estava a trabalhar. Mais um turno passou, e como tantas outras vezes, falei com alguns colegas (e amigos) ao telefone... De imediato, senti que tinha a voz rouca e trémula e percebi que isto era diferente. É que costumamos lidar com a pressão, tensão e dor; mas nem por isso se torna mais fácil», começou por explicar.
Não era um dia mais difícil do que os outros, para Nuno Moreira e para os profissionais de saúde portugueses, agora, «todos os dias são dias difíceis». O momento de carinho é um gesto que os enfermeiros vão praticando, não foi o primeiro nem será certamente o último.
«Não tirámos esta foto em nenhum momento particularmente difícil, pois todos os dias, neste momento, são dias difíceis. Conscientemente partilhamos esta foto, na qual é clara e visível a aproximação que nos une, no entanto, garantimos sempre que, até para nossa defesa, todos os protocolos e medidas de segurança como profissionais que somos estão na nossa reação e resposta.»
«É importantíssimo para todos nós, profissionais de saúde, sabermos e sentirmos que todos estão connosco»
A fotografia tinha um objetivo que, milhares de visualizações depois, parece cumprido. «O nosso objetivo era passar a mensagem do que nos une, não só fisicamente, mas emocionalmente e profissionalmente. O apoio incondicional. O estar presente. O 'I’ve got your back' [em português, eu protejo-te]! Neste caso específico, é muito importante não nos sentirmos desamparados, por isso, na prática existe sempre um colega que fica fora do quarto a dar apoio, que sabemos que está connosco.»
Tal como Nuno refere, os profissionais que estão o terreno a tentar salvar o País da pandemia de Covid-19 precisam de ser sentir protegidos. «Tal como neste momento, e perante tudo o que está a acontecer, é importantíssimo para todos nós, profissionais de saúde, sabermos e sentirmos que todos estão connosco, todos nós amparam. 'We catch and support you! [nós apoiamos-te]'.»
«Alguns dias trabalho 16 horas»
O mínimo de horas de trabalho diárias são oito, contou-nos o enfermeiro. Alguns dias podem chegar às 16, tal como aconteceu no dia anterior à conversa com a NOVA GENTE.
«Eu, enquanto Nuno e profissional de saúde, mantenho-me confiante e sereno (dentro do possível, já lidei com outras situações de pandemia, como o ébola, que felizmente em Portugal só atingimos o nível de suspeitas). Trabalho, no mínimo, oito horas por dia, alguns dias 16 horas como ontem. O nível de desgaste e tensão é muito elevado.»
Mas o importante para o profissional de saúde é que os portugueses ultrapassam este momento e se protegem ao máximo, ficando em casa, tal como recomenda a Direção-Geral de Saúde (DGS).
«Acredito em todos os portugueses, profissionais de saúde e não só, temos que ser conscientes e temos que acreditar que vamos TODOS conseguir ultrapassar este momento difícil. O que posso apelar e pedir a todos é que fiquem em casa, cuidem dos seus, e nos permitam cuidar de todos. Por favor, sigam as recomendações da DGS.»
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Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Impala e reprodução Instagram
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