Nacional
Tânia Ribas De Oliveira

Em lágrimas, recorda a menina que foi estrangulada pelo pai: «Esta tragédia tem de acabar»

Qui, 07/02/2019 - 12:00

Tânia Ribas de Oliveira não ficou indiferente ao caso de brutal violência que ocorreu em Corroios e que tirou a vida a uma criança de dois anos.

Tânia Ribas de Oliveira não foi capaz de ficar em silêncio ao saber que um pai foi capaz de estrangular a própria filha, uma menina de dois anos, com as próprias mãos. Pedro Henrique terá matado a sogra com várias facadas e depois acabou por estrangular a filha, Lara, acabando posteriormente por se suícidar.

Toda esta situação deixou Tânia Ribas de Oliveira que, em lágrimas, partilhou um longo texto sobre esta situação, mas também tantas outras que, em silêncio ou não, continuam presas às mãos de companheiros que o deixaram de ser para serem os seus agressores.

Foi no seu blogue, O Nosso T2, que a apresentadora da RTP publicou um longo texto onde pede que se lute pela defesa destas pessoas que não têm força para irem à luta sozinhas.

«Os meus filhos dormem há muito tempo nas suas camas quentes e o meu coração continua inquieto por uma filha que, não sendo minha, morreu estrangulada pelo próprio pai. Penso na Lara, que foi notícia em todos os jornais e televisões, e penso na mãe dela que perdeu a própria mãe e a filha às mãos de um homem que depois se suicidou», começa por referir.

Tânia chega mesmo a confessa que o ar já lhe começa a faltar ao recordar a história de Lara, a menina que foi morta em Corroios pelo próprio pai.

«Já quase me falta o ar, quando no meu pensamento vivem de repente todas as crianças e mulheres que, não só não têm uma cama quente como a que têm os meus filhos, como lhes falta paz e dignidade. Os números foram tornados públicos: em 37 dias do ano de 2019, já morreram 10 mulheres, assassinadas pelos companheiros. E viveram num grito umas vezes mudo, outras vezes ensurdecedor, ao lado de tantos de nós, entre tantos de nós. Não reparámos, ninguém reparou. Não? E as que tiveram a coragem de fazer queixa? Muitas foram e são protegidas pela Polícia e pelas instituições mas… e as outras? Quantas crianças existem neste país a acordar à noite com os gritos das suas mães?»

«E agora, que as lágrimas não páram de me cair»

É ainda de lágrimas no rosto que Tânia afirma querer levar todas essas crianças e todas essas mulheres para o conforto da sua casa, onde os próprios filhos descansam no conforto das suas camas.

«E agora, que as lágrimas não páram de me cair, levo as mãos aos olhos e quero trazer todas para casa. Trazer os menores e as mães maiores que têm o coração tão ferido e tantas marcas no corpo e na alma que também precisam de colo como os seus filhos. E eu sei que o meu colo pode apaziguá-las por alguns momentos, mas não vai resolver esta tragédia.»

Tânia defende mesmo que «esta tragédia tem de acabar» e que estes casos não podem cair no esquecimento.

«Esta tragédia tem de acabar. Daqui a uns dias já ninguém vai falar da Lara e muito menos da mãe dela e da avó que também partiu, mas quantas Laras (meninas ou meninos) existem em escolas, casas e ruas por onde passamos todos, de norte a sul e nas ilhas? Estas crianças são também nossas! Elas e as suas mães! São da nossa responsabilidade cívica!»

«Basta!»

Tânia Ribas de Oliveira sente a dor de todas estas mulheres que passam por estas situações de violência extrema, não só por ser mulher, mas também por ser mãe, e saber que as crianças não devem, em caso algum, passar por situações como estas.

«Tenho um nó imenso no coração e sei que cada uma/cada um de nós também tem. Não sei o que podemos fazer, mas sei que temos de agir. Todos, enquanto sociedade democrática, não podemos permitir que mais uma mulher que seja possa ser violentada pelo companheiro. Nem podemos permitir que os filhos destas mulheres cresçam com gritos e violência, com medo, com ódio e com uma revolta que será uma tatuagem de tinta permanente. De sangue.»

A apresentadora da RTP quase que dá o «grito do Ipiranga» para que toda esta violência que existe termine e que deixe ser um dos problemas da sociedade.

«Já chega. Os tribunais têm de punir estes assassinos, antes de o serem. Porque já basta matarem aos poucos e todos os dias quem já perdeu a voz. E a esperança. Basta.»

Texto: Redação WIN - Conteúdos Digitais; Fotos: Impala e Reprodução Instagram

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