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Sofia Dinis: O motivo que a levou a tatuar o corpo

«Aos 9 anos foi-me diagnosticada psoríase»

Qui, 06/06/2019 - 17:40

O site da Nova Gente foi conhecer a história de vida de Sofia Dinis, a tatuadora mais cool das redes sociais. Ficámos a conhecer o motivo que a levou a começar a fazer tatuagens pelo corpo.

O site da Nova Gente foi conhecer uma das artistas mais procuradas das redes sociais e que de um momento para o outro perdeu tudo o que tinha. Aos 33 anos, Sofia Dinis ficou sem «namorado, sem casa e sem trabalho». A tatuadora conseguiu dar a volta por cima. Depois de um período a viver num Airnb, onde uma amiga sua trabalhava, e de ter estado 15 dias fechada num quarto a desenhar e a criar um portefólio, um ano e meio se passou. Sofia tem agora a vida estabilizada.

«Numa semana, quando dei por mim tinha um mês de marcações todos os dias. Costumo dizer que passei dos 6 cêntimos facilmente a ordenados mínimos», conta Sofia Dinis. A artista conseguiu começar a ganhar ordenados mínimos...por dia.

O preconceito da sociedade

Para além de ser tatuadora, Sofia tem o corpo todo tatuado. «Quando andava à procura de casa era verão e eu ia o máximo vestida porque eu sabia que para me alugarem uma casa eu era demasiado tatuada», confessa. Na altura em que queria sair do quarto de Airnb e andava a procurar casa para alugar, a artista viu-se «grega» para conseguir.

Sofia sentiu na pele o preconceito da sociedade. «Se existir um casal tatuado...isto é real...e um casal não tatuado, o casal tatuado pode ganhar 3 vezes mais, mas quem fica com a casa é o casal que não tem tatuagens», revela a artista.

«Se não conseguem fazer isso, não são bem-vindos ao meu estúdio»

Perguntámos a Sofia que conselhos dá a pessoas que nunca tatuaram e gostavam de tatuar pela primeira vez. «Ponto número um: Queres tatuar tens de perceber qual o estilo de tatuagem que queres tatuar. Depois disto, tens de escolher dentro das tuas possíbilidades o melhor tatuador. Não existe outra maneira», responde a artista.

Mas não se fica por aqui. Sem papas na língua, Sofia diz o que sente relativamente às pessoas e há pouca importância que dão quando fazem tatuagens. «Não consigo aceitar pessoas que me dizem: 'Eu fui ali porque era mais barato'. Eu não consigo perceber pessoas que vão a uma loja comprar 100 ou 200 euros em roupa, vestem duas ou três vezes, e fica lá encostado a um canto. E não conseguem dar os mesmos 100 ou 200 euros numa tatuagem que vai ficar para a vida. Se não conseguem fazer isso, não são bem-vindos ao meu estúdio. Eu quero que as pessoas sintam orgulho naquilo que carregam para o resto da vida. Neste caso, uma peça minha», diz, sem hesitar.

A doença e as tatuagens: «A minha família não estava preparada»

Sofia foi diagnosticada com Psoríase aos nove anos. «Uma pessoa normal tem uma escamação de 30 em 30 dias, em que a nossa pele renova toda, e a minha pele renova de três em três dias. Eu tenho uma acelaração das células e faz com que esteja sempre a escamar, cria crostas, Se não for tratado ficam inchadas e vermelhas», começa por explicar a doença com que vive desde criança.

Sofia Dinis deixou de fazer aulas de educação física porque não se queria expor em frente aos colegas, deixou de ir à praia e não frequentava discotecas. «A minha família não estava preparada para lidar com a doença. Lembro-me de chegar a casa, a chorar, e dizer à minha mãs: 'Na minha escola ninguém tem psoríase'», conta emocionada. A artista privou a vida pessoal por causa da Psoríase. «Alguns amigos percebiam, outros eu fazia questão de não contar. Não era um tema facíl. Hoje é porque está controlado», revela.

A adolescência foi complicada, mas a doença «moldou» a Sofia que é hoje em dia. «Eu começei a arranjar ocupações e técnicas para ocupar o meu tempo. E uma das ocupações era desenhar e pintar», diz.

Sofia explica o motivo que a levou a tatuar o corpo. «Chega uma altura em que queres liberdade e eu começei a perceber que a Psoríase ia acompanhar-me o resto da vida e, em vez de as pessoas, estarem a olhar para os meus braços e pernas com feridas ou com marcas de feridas, eu começei a introduzir arte. E assim, as pessoas olhavam para mim para arte e não para a ferida», termina.

Texto: Carolina Sá Pereira; Fotos: Instagram

 

 

 

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