Multimedia Ver Video
Simone De Oliveira

"As pessoas com quem fui para a cama ninguém sabe" (exclusivo)

Qua, 08/02/2023 - 08:40

Eu, fã assumido, me confesso. Simone é única. O sorriso, as gargalhadas, a força. Mas também as rugas, que contam uma vida cheia de provações, de lágrimas, de solidão. Isto não é uma entrevista: é uma conversa. É um fascínio.

N.A.: A Simone comemora 85 anos neste sábado, 11 de fevereiro. Que Simone tenho à minha frente?

S.O.: É uma mulher com uma vida cheia de coisas maravilhosas, de coisas complicadas, de aspetos difíceis, de mágoas, de lágrimas, de gargalhadas. De ter aprendido e trabalhado com pessoas extraordinárias, como a senhora dona Mariana Rey Monteiro, a senhora dona Palmira Bastos, a senhora dona Amélia Rey Colaço... O meu caríssimo Nicolau Breyner, um dos maiores atores deste País.

É uma mulher de extremos, que ama ou odeia...

S.O.:Não, não odeio. Não tenho capacidade de ódio. Mas tenho de raiva. Sobretudo com as injustiças. Não as suporto. Não consigo ficar sossegada sem dizer nada.

N.A.: E com a idade está mais ou menos tolerante com isso?

S.O.:Estou igual [gargalhadas].

N.A.: Não mudou nada?

S.O.:Muito pouco. Talvez tenha mais paciência. Talvez tenha aceitado melhor a minha solidão, pois vivo há 27 anos sozinha e não tem sido fácil gerir. Passo semanas nesta casa sozinha. Tenho, presumo, cinco amigos. Conheço muita gente, mas amigos tenho quatro ou cinco. Entre eles, o meu queridíssimo Carlos Quintas, com quem fiz uma peça há pouco tempo sobre a Ucrânia. O Vitor Hugo, com quem estive desde a Desfolhada até deixar de ser cabeleireiro. O Luís Madureira, que foi meu professor de voz durante anos. O meu querido amigo médico Hélder, que conheço do Põe-te na Bicha, onde ia no Bairro Alto.

N.A.: Ainda vai ao Bairro?

S.O.:Fui durante anos, mas hoje já não vou. Os meus filhos matavam-me se eu saísse à noite sozinha [risos]. Nem pensar. Mas gostava muito de ir ao Põe-te na Bicha, e acho piada ainda. E conheci lá esse meu amigo, pois ele estava sozinho numa mesa e eu estava noutra. Estávamos a tomar café, e eu olhei para o coitado do rapaz ali sozinho e disse: “Olhe lá, está sozinho?”. E ele: “Estou”. “Então venha aqui tomar café”, ele sentou-se, olhou para mim e disse: “Está com uma anemia”. Foi a primeira coisa que ele me disse. E estava mesmo. Ainda hoje quando ele fala tenho medo [risos].

N.A.: Todos os amigos são homens.

S.O.:As mulheres nunca se deram muito bem comigo [gargalhadas].

Leia a entrevista completa na edição desta semana da Nova Gente.

Texto: Nuno Azinheira; Fotos: Helena Morais

Siga a Nova Gente no Instagram