Nacional
Simone De Oliveira

O regresso à ficção, os dois cancros e o episódio caricato que viveu com o marido

Qua, 23/09/2020 - 19:30

Simone de Oliveira marcou presença no programa Casa Feliz desta quarta-feira, dia 23 de setembro, e falou sobre o regresso à ficção: «Vou fazer de mãe do João Catarré»

Simone de Oliveira está de regresso à ficção! A atriz, de 82 anos, vai fazer parte no elenco da nova novela da SIC e esteve no programa Casa Feliz desta quarta-feira, 23 de setembro, para falar sobre o novo projeto, sobre os dois cancros que enfrentou e sobre a história de amor com Alberto Varela da Silva.

«Adoro a minha personagem, vou fazer de mãe do João Catarré, estou muito feliz, adoro o Catarré! E a minha personagem, a Adelaide, é como eu: teimosa, faz força, manda, gosta de festas...», começa por revelar.

«Nunca pensei que morria. Era o que me faltava!»

À conversa com João Baião, Diana Chaves e Bárbara Guimarães, Simone de Oliveira recordou os dois cancros da mama que enfrentou e não escondeu a profunda admiração que tem pela apresentadora do programa 24 Horas de Vida, que também passou pelo mesmo processo nos últimos dois anos.

«Eu não fiz quimio como a Bárbara. Ela é um exemplo de superação. Tive a sorte de não precisar de quimio. Fiz foi mastectomia total e isso foi... duro. Muito duro. Aos 50 anos. E uns anos depois fiquei sem metade do outro [peito]. Tive dois cancros. Não é fácil. Mas nunca pensei que morria. Nem pensar! Era o que me faltava!», afirmou, deixando os apresentadores do matutino da SIC a rir.

«Estou à procura da mama»

Apesar de ter sido uma fase complicada para Simone de Oliveira, a atriz confessou que tentou manter-se sempre positiva e que nunca deixou que o facto de não ter um peito e só ter metade do outro afetasse a sua autoestima. Em tom de brincadeira, acabou por revelar um episódio caricato que viveu com o marido. 

«Eu não dei espaço [para que mexesse com a autoestima]. Tenho uma prótese porque nunca fiz reconstrução do peito. Um dia estava em casa, o senhor Varela [o marido] ainda era vivo e a prótese caiu. Estava eu na cama, de rabo para o ar, e o meu marido diz-me assim: "Oh mulher, o que é que tu estás a fazer de rabo para o ar?". "Estou à procura da mama" [Risos]. E é verdade, não foi para ter piada, aquilo saiu-me, eu estava mesmo à procura da mama», disse.

«Jamais pensei na vida que ia correr mal. Quando tive o segundo, balancei um bocadinho. Para dizer ao meu filho, foi um bocado complicado. Arranjei assim uma conversa de pé na orelha. Ele pensava que eu ia dizer que tinha um namorado [risos]. A Eduarda teve mais força porque o irmão, Pedro, já lhe tinha ligado. Para o Varela acreditar foi um horror. Eu mostrei-lhe as mamografias. E ele dizia-me «tu não estás boa da cabeça, desculpa». O Varela foi um grande companheiro. Era um mestre», acrescentou.

«Doeu-me muito mais isso do que outra coisa»

Foi o cancro que «tirou» a vida a Alberto Varela da Silva, o marido de Simone de Oliveira. O encenador e cineasta não resistiu a um mesotelioma, doença provocada pelo amianto, uma substância que compõem alguns materiais de construção e que existia no Teatro Nacional, local onde o «Mestre Varela», como era conhecido, trabalhava.

«Foi muito pior quando foi ele [a ter cancro]. Morreram três pessoas no Teatro Nacional por causa do amianto. Quando o médico me disse o nome que eu nunca tinha ouvido, fui pesquisar e dizia «doença profissional fatal». Doeu-me muito mais isso do que outra coisa», confessou.

No final da conversa, Simone de Oliveira fez questão de reforçar que «adora viver» e que, apesar de todas as provações que a vida lhe deu, continua a ser uma pessoa positiva e crente em espiritismo.

«Tenho uma grande vontade de viver e como tenho esta vontade de viver acho que nada acontece. Penso que não pode acontecer porque eu não deixo. Um dia lá terá que ser, mas não me apetece nada [morrer], digo-vos já! [...] Não me apetece nada morrer, deixar de estar com as pessoas que cá estão... mas também tenho vontade de encontrar alguns lá em cima. Porque acredito nisso. Adorava. Se eu tivesse uma religião, seria o espiritismo», terminou.

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Reprodução SIC

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