No âmbito do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, a 1 de dezembro, a NOVA GENTE dá-lhe a conhecer tudo o que preci- sa de saber sobre a doença. Já atingiu 60 milhões de pessoas, mas é possível um seropositivo viver, mesmo sendo portador do vírus. Quem explicou, em detalhe, a experiência da doença, nomeadamente, no segmento feminino, foi Isabel Nunes, da Associação SERES que, sobre este tema, publicou o livro Poderia Ser Eu.
O que é o VIH e a Sida?
A sida (síndrome da imunodeficiência adquirida) é uma doença não hereditária causada pelo VIH (vírus da imunodeficiência humana), que enfraquece o sistema imunitário do nosso organismo, destruindo a capacidade de defesa em relação a muitas doenças. No entanto, de acordo com a presidente da Direção da SERES, “existem diferentes estádios da doença desde a infeção até à sida. Este desenvolvimento pode ser mais lento ou mais rápido dependendo das características do vírus mas também das características da pessoa seropositiva. Ser portador de VIH significa que contraiu o vírus, contudo pode não apresentar sintomas. Quando os sintomas aparecem passa-se para outro nível, relacionado com sida. A pessoa seropositiva está suscetível a doenças oportunistas”.
As vias de transmissão
Transmissão sexual - Há uma grande possibilidade das secreções sexuais de uma pessoa infectada transmitirem o vírus sempre que haja uma relação sexual com penetração, anal, vaginal ou oral, sem preservativo.
Contacto com sangue infectado - A partilha de seringas, agulhas, escova de dentes, lâminas de barbear ou outro material com um portador do vírus HIV constitui um risco de transmissão.
Durante a gravidez, parto e amamentação - Se a mãe estiver infectada pode transmitir a doença ao bebé, durante as três fases. É preferível, nestes casos, encontrar uma alternativa à amamentação.
Os números
Segundo Isabel Nunes, desde 1983 que se registaram, em Portugal, 39 347 casos de infecção VIH/sida nos diferentes estádios de infecção. Dentro destes, “as mulheres representam 18,9% dos casos de sida e 32,4% dos portadores assintomáticos”. Outra tendência que realçou foi o facto de estarem a aumentar os casos de transmissão do vírus entre heterossexuais. “Durante o ano de 2010, as notificações reportam que o total de casos, nesta categoria, é de 60%.” A autora chegou à conclusão que 72% das mulheres foi infectada por via sexual e 17% tiveram conhecimento da sua infecção no decorrer da sua gravidez. “Metade das mulheres reportam depressão, alterações corporais e discriminação.” Também são mais frequentes os casos de infecção entre mulheres, acima dos 55 anos.
Quem corre mais riscos?
As pessoas que têm relações sexuais não protegidas, em particular, os jovens que mudam de parceiro, com mais frequência;
Todos os que recorrerem à prostituição e ao sexo pago, geralmente uma população que também sofre com problemas de toxicodependência;
As populações móveis como camionistas de longo curso, trabalhadores sazonais, militares e operários da construção civil;
Os utilizadores de drogas injetáveis.
O tratamento
Qualquer pessoa diagnosticada com o vírus do VIH é reencaminhada para os serviços hospitalares competentes, de forma a iniciar o início da medicação antirretrovírica, universal e gratuita. Atualmente não há cura para a doença, pois as infecções de ordem geral não podem ser combatidas eficazmente.
Saiba ainda que...
Há cerca de 34 milhões de seropositivos no Mundo;
Em 2010, morreram 1,8 milhões de pessoas, sendo que no início da década passada registou-se um pico de mortes, com 2,2 milhões por ano;
A taxa de novas infecções continua a diminuir – 15% menos do que em 2001 e 21% menos do que em 1997, no crescimento da epidemia.
Celebridades vítimas da doença
Foi há 20 anos que o vocalista dos Queen, Freddie Mercury, assumiu estar a sofrer da doença. A 23 de novembro de 1991, depois de muita especulação, o cantor assumiu, publicamente, ser portador da doença. No dia a seguir viria a morrer, por causa de uma pneumonia. Quem também anunciou ao Mundo que tinha o vírus, há 20 anos, foi o jogador de basquetebol, Magic Johnson. Na altura, confessou o seu arrependimento por ter posto a saúde da família em risco. Retirou-se do desporto, mas habituou-se a viver com as limitações da doença (toma 15 comprimidos diários e tem uma rotina de exercícios, rigorosa.) Aliás, recentemente, foi homenageado pelos amigos e família, em Los Angeles. Em Portugal, o ator Mário Viegas foi o caso mais emblemático, que deixou saudades no mundo do teatro, depois da sua partida em 1996.
Sabia que
Portadores assintomáticos são aqueles que estão no primeiro estadio da infecção e que, apesar de terem contraído o vírus, ainda não apresentam sintomas
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