Nacional
Sandro Lima

O relato arrepiante dos momentos passados no IPO: «Deixei de ser autónomo em tudo»

Sex, 18/10/2019 - 10:30

Sandro Lima luta contra uma leucemia desde 2017. O jovem faz um relato arrepiante do sofrimento no IPO e mostra fotos impressionantes desses momentos

Sandro Lima luta contra uma leucemia desde 2017, percurso que Portugal tem acompanhado desde o primeiro dia. Exemplo de coragem, o futebolista, que se tornou conhecido quando namorou com Fanny, assinalou um ano de transplante de medula óssea.

Num texto arrepiante, ilustrado por várias fotografias dramáticas captadas a preto e branco, Sandro Lima relata o seu sofrimento quando estava em isolamento total e em perigo de vida. O jovem conta que deixou de ser autónomo em tudo e que isso o deixava muito envergonhado. Além disso, os rins deixaram de funcionar e esteve quase para perder uma perna devido a uma bactéria. Passado um ano, Sandro agradece o facto de ter melhorado e estar em casa, junto dos que mais ama.

Leia o relato arrepiante de Sandro Lima na íntegra e percorra a galeria para ver as fotos: 

«Foi há exatamente 1 ano, dia 17 de Outubro de 2018, que eu fazia o meu primeiro transplante. Transplante de medula óssea. Foram quase 3 meses de isolamento total.Tanto que - naquele quarto N 5, do piso 11, do IPO do Porto - se sofreu, se chorou, se gritou... tanto que se rezou... e implorou. Para que dias como aqueles passassem.

Lembro-me que na quinta semana de internamento, implorava aos médicos para que me deixassem ir embora - para junto dos meus. Onde estou agora - e que assinaria o termo de responsabilidade.
Não aguentava mais (pensava eu). “- Sandro se sais deste quarto não duras 24h.” - responderam os médicos ao meu pedido. Fez-se silêncio. Depois desse dia ainda vieram mais 5 semanas de luta. Uma luta que parecia não acabar.

Neste tempo, deixei de ser autónomo em tudo: Com 21 anos voltei a usar fraldas e tão envergonhado que me sentia. Os rins paravam e diziam-me que tinha de fazer hemodiálise para o resto da vida...
Como vos dizia há cerca de um ano na publicação do “Ano Novo”, neste internamento estive também perto de perder uma perna, e tanto que pedi aos médicos para que isso acontecesse, uma vez que a bactéria se alastrava pela perna acima... e tanto que sofria.

Fui três vezes ao bloco operatório e três vezes os cirurgiões se recusaram a fazer a cirurgia. E hoje, tanto que lhes agradeço. Ali aconteceu um milagre. E de um dia para o outro, a bactéria desapareceu, a febre também, deixei de fazer hemodiálise, a cirurgia nunca aconteceu e tudo resto começou a ir embora. Ainda hoje os médicos não me sabem dizer o que ali se passou.

A verdade é que ainda tenho as duas pernas, não faço hemodiálise e aos poucos começo a ter uma vida normal. No total, foram 10 semanas de isolamento total. E desde aí tanto que já se passou e tanto que ainda se sofreu. Mas nunca desisti. Estou cá. Aqui, a escrever-vos! A fé move montanhas nunca se esqueçam disso. Por isso, hoje, vos peço: «Nunca se queixem!» Há sempre alguém pior que vocês.
Hoje estou em minha casa junto dos meus, mas há 1 ano estava lá, como muitas outras pessoas estão lá neste momento. Por isso, agradeçam todos os dias por tudo. Como eu o faço. Todos os dias. #tudovaidarcerto».


Texto: Ricardina Batista; Fotos: Reprodução redes sociais 

 

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