Sandra Felgueiras, que acompanhou o caso Maddie desde o primeiro minuto, escreveu um post dirigido a «todos os que vibram com o caso Madeleine e se preocupam com os desaparecimentos misteriosos de crianças em Portugal, e não menos importantes, como os de Rui Pedro e, quem sabe, o de Joana».
No texto, a jornalista «a tese de Gonçalo Amaral sobre o caso Madeleine tinha falhas irreparáveis». Por isso, considera, «não foi sequer transformada em acusação pública». Felgueiras refere-se à tese de que os culpados pelo desaparecimento de Maddie seriam os pais da menina inglesa.
«Mas depois veio a pressão pública. Os livros. As teses. Vender a história. E a vontade de crucificar os pais impeliu muita gente a querer acreditar numa tese mesmo quando as incongruências eram demasiadas e condenavam o caso ao absoluto fracasso», escreve.
A jornalista diz que entrevistou os McCann várias vezes e que até lhes perguntou «como justificavam o cheiro a cadáver no apartamento e no carro e o sangue detetado pelos cães ingleses».
«Li todos os ficheiros. Todos os relatos. E durante todos estes anos ouvi os maiores disparates sobre o que vi acontecer com os meus próprios olhos. Vi, incrédula, como é fácil proliferarem mentiras apenas em ordem de justificar a tese de um inspetor afastado por ter dito em público o que nunca conseguiu provar na justiça. Mas em público, só podemos falar o que podemos provar. E isto é válido para todos», escreve ainda.
Bruckner não é o suspeito perfeito
A jornalista da RTP diz que em 13 anos nunca viu um suspeito como Bruckner, «com tantos indícios que o colocassem no lugar do crime à hora do crime com um passado que nos permite adivinhar, mas não provar, o que pode ter feito».
Ainda assim, considera que «não é o suspeito perfeito». «Isto porque um pedófilo e andou 22 anos entre nós. Nos mesmos anos em que desapareceram Rui Pedro, Joana e Madeleine. Bruckner não é um pedófilo porque há queixas. É um pedófilo condenado e extraditado para cumprir pena na Alemanha», diz.
Felgueiras diz ainda, a quem a lê, para que se livrem de preconceitos neste caso.
«Os McCann são culpados, sim. Viverão sempre com a culpa da negligência. Mas mais não podemos dizer. Não com as provas que temos. E agora, meus caros, já não se trata apenas de Madeleine. Trata-se da segurança dos nossos filhos. E de sabermos quem anda no meio de nós! Esta nova pista pode ajudar-nos a descobrir muitas verdades inconvenientes que andam escondidas há décadas no nosso aparente Portugal seguro», pode ler-se.
Maddie McCann desapareceu no dia 3 de maio de 2007, na Praia da Luz. A criança de três anos, na altura, nunca mais foi vista.
Brückner está neste momento preso na Alemanha.
Texto: Marta Amorim; Fotos: D.R.
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