Pedro Mourinho foi uma das caras da TVI que marcou presença nas celebrações do São João, no Porto, numa festa organizada pelo canal e que decorreu a bordo de um dos barcos de Mário Ferreira. Em conversa com a imprensa no local, o jornalista recordou os dias que viveu na Ucrânia, a fazer a cobertura da guerra, e revelou ainda quando ganhou para fazer esta viagem.
“Houve uma primeira semana em que os russos chegaram a entrar em Kiev. Houve uma noite muito complicada em que eu e o Nuno Quá estávamos num hotel na Praça Maidan, a dormir, e acordámos com aviões a passarem por cima do hotel, mísseis a caírem, explosões, um som muito intenso. Chegas à conclusão de que são os russos a chegar e que vão tomar conta da cidade”, contou.
“Acabou por não acontecer, mas eles estiveram muito perto de nós, naquela zona onde estava o nosso hotel. Nós fomos vivendo várias fases da guerra, desde esta primeira em que os russos estavam a chegar. Depois viemos para Portugal, houve uma ordem para sairmos de lá. Regressámos duas semanas depois, com Kiev meio cercada, russos muito perto, e todas as noites ouvíamos bombardeamentos. Era muito intenso. Eu e o Nuno chegámos a viver situações que não falámos, mas que nos ficam na memória. Haverá momentos para falar sobre isso. Mas corremos risco de vida”, disse ainda.
Pedro Mourinho admite que som dos foguetes lhe faz confusão
Durante os festejos do São João, foram lançados vários foguetes e fogo de artifício, barulhos que fizeram vir à memória de Pedro Mourinho algumas memórias da guerra na Ucrânia. “Há coisas que são físicas e que mudaram em mim. A sensação dos foguetes, por exemplo. Ou ouvir sirenes dos bombeiros”, disse aos jornalistas.
“Quando estamos lá, estamos sempre alerta. O som dos mísseis a explodir é muito forte e faz sempre diferença. Aqui com os foguetes é diferente, porque estás em Portugal, no Porto, no São João, mas de repente estala um e isso provoca sempre aquela sensação…”, confessou, garantindo, porém, que não sofre de stress pós-traumático.
“Quando somos jornalistas, a nossa vida está sempre ligada à nossa profissão. A vontade de voltar é sobretudo uma missão, de contar histórias, de fazer o meu trabalho… Quando eu era criança, queria ser jornalista. Aos oito anos, queria ser repórter de guerra. Por isso, na realidade, foi uma realização pessoal e profissional. Fazer aquilo é cumprir um objetivo de vida”, explicou.
Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Impala
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