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Paulo Futre

Compara Berlusconi a Pinto da Costa. "Todo o mundo matava por ele"

Qui, 15/06/2023 - 19:35

Paulo Futre garantiu à Nova Gente que a sua história com Berlusconi "foi sempre nota 10". Diz que foi sonho do presidente do AC Milan durante muito tempo e ressalva o respeito com que este tratava toda a gente.

Paulo Futre teve o prazer, durante a sua magnífica carreira futebolística, de privar com Sílvio Berlusconi, que morreu esta semana aos 86 anos. Quando o antigo futebolista português serviu o AC Milan, de Itália, era o magnata italiano, o dono e presidente do clube, que deteve durante 31 anos, entre 1986 e 2017. Já Futre só vestiu a camisola vermelha e preta durante um ano - de 1995 a 1996 - ... e pouco.

À NOVA GENTE, Paulo Futre contou como foi o primeiro encontro com o excêntrico milionário italiano, de quem só tem coisas boas a dizer. "Quando o conheci já foi no Milanello (centro de treinos do AC Milan) e ele disse-me que estava super feliz que, há muitos anos, o seu sonho era contratar-me, quando eu estava no Atlético de Madrid, no meu auge. Apartir daí eu sempre tive uma grande relação com ele. Depois sou operado, eu nunca jogava não é? Só joguei um jogo, o último jogo do campeonato. E ele sempre que me via, especialmente nos dias dos jogos, dava-me sempre força.'Força que vais conseguir chegar vais conseguir voltar a jogar', contou-nos o ex-internacional português.

“Sempre tive uma boa relação com ele. Nunca conheci a outra parte dele, na derrota, porque aquele ano foi maravilhoso e aquela equipa era de sonho. Ganhava quase sempre. Por isso não conhecia a outra parte. Podia ter tido, mas da naquele ano felizmente foi tudo rosas, foi maravilhoso e, depois, do já quando terminou a época, eu terminava contrato e o diretor desportivo disse-me ‘olha o presidente quero que tu fiques aqui’, o que foi uma surpresa para mim, só tinha jogado um jogo. Eu já não estava... como é que eu te posso dizer? Já não estava... já não tinha nível para aquele Milão. Já estava com três operações e não sabia se ia conseguir jogar uma semana ou um ano e que preferi fazer outra aventura não e ir para Inglaterra. Mas mesmo assim ele fez-me uma proposta, o que me supreendeu, porque, praticamente, estava acabado", disse, ressalvando: "A minha história com ele foi sempre nota 10 até sair do Milão". 

 


"Era a melhor equipa do mundo. O clube em si aquele clube estava muito à frente, só aquela cidade desportiva, não havia nada na Europa como aquela cidade desportiva. Era única, não havia nada igual. Tudo feito por ele. Ele foi o pioneiro de muitas coisas, à parte desta das cidades desportivas, também da a nível de televisão. Eu acho que na altura, tirando a Rai, que era o canal público, todas as outras televisões eram dele. Era uma loucura. Estava muito à frente neste aspeto", garante Futre.

A comparação a Pinto da Costa...

Quando questionado das parecenças de Berlusconi a Gil y Gil, o empresário espanhol, que presidiu o Atlético de Madrid, clube onde se tornou uma lenda, Paulo Futre, garante que Berlusconi era mais parecido com Pinto da Costa, presidente do FC. Porto, clube que também representou. "Eu acho que, apesar de eu não conhecer a parte má, o presidente Gil y Gil, era um grande presidente, mas tinha um grande defeito, que era a impaciência. Queria ser campeão em setembro. Por isso quando perdíamos um jogo e empatavamos outro, o treinador ia para a rua. Faltava-lhe esta virtude ter paciência. O Berlusconi tinha esta paciência. Não tomava decisões a quente, aconselhava-se com a almofada, como o Pinto da Costa. Tinham sempre paciência, não lhes importava a crítica dos seus adeptos. Muitas vezes, o Pinto da Costa, quando perdiamos dois jogos, a equipa era assobiada, queriam que o treinador fosse para a rua e ele sempre aguentou. 

As viagens de helicóptero

Futre diz não ter presenciado o estilo de vida luxuoso e excêntrico pelo qual o antigo primeiro-ministro italiano foi conhecido, mas confessa que este tinha uma boa aura. "Aí não, aí não", disse, continuanto: "Ele ia ao Milanello, à cidade desportiva e ia de helicóptero, em 1995, era uma loucura. Foi pioneiro também aí. Chegava de helicóptero e tinha o respeito de toda a gente. Cumprimentava toda a gente de igual forma. Todos os empregados, estavam à espera dele e elee tratava toda a gente com muito respeito, com muito valor. Isto fazia com que todo o mundo matasse por ele".

 

Texto: Tiago Miguel Simões; Fotos: Impala e Shutterstock

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