Nacional
Patrícia Matos

Jornalista explica por que se despediu da TVI

Sáb, 01/08/2020 - 15:30

Esteve 13 anos na estação de Queluz de Baixo, dos quais uma década a apresentar o Diário da Manhã. Agora, Patrícia Matos explica, em exclusivo à NOVA GENTE, por que razão escolheu outro caminho. Não fecha a porta a um regresso.

Despediu-se da TVI na sexta-feira, 17 de julho. O que sentiu naquele minuto em que disse aos telespetadores que, na semana seguinte, já não iam acordar consigo?

Tremi que nem varas verdes. Disse tudo de seguida porque temi não conseguir chegar ao fim. Foi um momento muito difícil. Antes, já o estúdio tinha sido “invadido” por colegas que só souberam naquele
dia o que estava a acontecer. Até o Manuel Luís Goucha foi ter comigo. Alguns tentaram demover-me, ainda na sexta-feira.

Qual o balanço que faz destes 13 anos na TVI?

Um balanço profundamente positivo, já o disse e repito. Tudo o que sei de televisão foi ali que aprendi. Cresci na TVI, como profissional e como pessoa, com todos com quem me cruzei. Todos! Só posso estar grata: apresentei todos os horários da TVI e da TVI24. Substituí a Manuela Moura Guedes no Jornal Nacional, passei pela editoria de Sociedade, Economia… Trouxe amigos para a vida. A TVI será sempre o meu ninho.

Este horário do Diário da Manhã, que a “obriga” a acordar às quatro da madrugada,é um dos mais difíceis em televisão?

Sem dúvida. O horário é muito exigente porque também é muito longo – é o programa de informação mais longo da televisão e, durante muito tempo, fui a pivot com mais tempo de permanência na televisão portuguesa. Mas é preciso não esquecer que levantar às quatro horas da manhã custa muito, tal como custa deitar às 21. Perder festas de aniversário, jantares de família, momentos com os amigos... Os últimos anos foram também marcados por problemas de saúde. É preciso olhar para o “bolo” todo. Só quem está disposto a abdicar de tudo isso consegue. Foi o que fiz, durante uma década.

A atriz Sílvia Rizzo mandou-lhe a seguinte mensagem: “Realmente, com 10 anos a fazer o Diário da Manhã, merecia mais”. Acha que devia ter mais oportunidades – leia-se apresentar em horário nobre com mais regularidade?

A Sílvia é uma profissional espantosa, com uma boa disposição única e foi uma querida companhia em todas as manhãs! Tal como ela, o público habituou-se à minha voz e ao meu sorriso matinal, que parecia estar sempre bem! Ainda bem que o consegui. Mas… não posso deixar de lhe dar razão. Uma coisa é o palco, outra, bem diferente, são os bastidores. Dez anos é muito tempo. Agora… se deixar a televisão é para sempre? Não sei. Confio no futuro.

Quando ficou consciente de que esta era a decisão certa?

Saí da TVI porque recebi um convite muito aliciante. Quero que fique claro que não fui despedida nem saio incompatibilizada com ninguém, muito pelo contrário. Nem tem nada a ver com o momento atual da empresa. Aconteceu! Antes deste, tive dois convites que decidi não aceitar, não era o momento. Agora foi diferente. Sentimos quando é o momento. Andei vários dias a pensar, a questionar-me, a imaginar-me noutras funções, a perceber se era mesmo possível deixar de ser jornalista. Ouvi os “notáveis da minha vida”, aquelas pessoas em quem confio a 1000 por cento, os meus pais. Depois, falei com o Sérgio Figueiredo, meu diretor naquela data, e recebi todos os sinais a que normalmente nem damos importância. Todos apontavam naquele caminho. Estou serena. Este é o momento.

O que espera do seu novo projeto?

Estou muito confiante e espero o melhor. Vai começar rápido e tenho a certeza de que vou adquirir um conhecimento imenso, vou crescer muito em todas as áreas da minha vida e vou conseguir desenvolver coisas novas. Ser jornalista é o sonho que consegui realizar, mas apenas quem não me conhece pode pensar que a minha vida se resume a ler um teleponto. Sou muitas outras coisas.

Agora que já está fora da TVI, como tem visto as mais recentes alterações, nomeadamente com a chegada de um novo diretor de Informação – Anselmo Crespo – e um novo subdiretor – Pedro Mourinho?

Com naturalidade. Conheço o Anselmo, mas nunca me cruzei com o Pedro. Admiro muito o trabalho de ambos, que acompanho há muito tempo, e vejo a sua chegada como natural. Tenho a certeza de que a Direção de Informação fica bem entregue: equipa jovem, dinâmica e capaz. Estarei sempre a torcer pela TVI. Desejo o melhor!

Apesar de estar ligada à Informação, como viu o regresso de Cristina Ferreira à TVI?

Tudo é possível a quem é movido pelo coração.

Texto: Humberto Simões Fotos: Impala

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