Saúde e Beleza
Os 30 são os novos 20?

Então os 20 são mesmo a nova adolescência!

Seg, 26/03/2018 - 17:22

Os smartphones são uma das causas mais vincadas para o atraso na entrada na vida adulta desta Geração Z. Porém, existem benefícios.

É habitual ouvir-se agora que os 30 são os novos 20. Isso quererá dizer que na casa dos vinte somos ainda adolescentes? Os investigadores dizem que sim.

Um grupo de investigadores do Hospital Royal Children na Austrália anunciou que quer expandir o período da adolescência, definido tradicionalmente entre a idade dos 10 aos 19 anos, até aos 24 anos.

Porém, esta conclusão não é nova. Uma pesquisa publicada em setembro de 2017 na revista Child Development sugere o mesmo. Os investigadores da Universidade de San Diego e da Faculdade Bryn Mawr, nos Estados Unidos da América, concluíram que os adolescentes de hoje se envolvem habitualmente em atividades menos adultas do que os adolescentes de gerações anteriores. Referem-se a atividades como fazer sexo ou consumir álcool.

As conclusões foram esmiuçadas de vários inquéritos feitos entre 1976 e 2016 a pessoas nos Estados Unidos da América com idades entre os 13 e os 19 anos. As perguntas referiam-se, sobretudo, à forma como utilizavam o tempo livre fora da escola.

Um em cada quatro estudantes do ensino secundário não tem uma licença no momento da graduação, em comparação com os baby boomers, que, por outro lado, já conduziam na primavera do seu último ano de escola.

Para o alívio dos pais, os adolescentes de hoje têm menos relações sexuais do que os da Geração X (pessoas que nasceram entre 1961 e 1981) e saem menos à noite. Noutras palavras, os jovens com 18 anos parecem ter 13.

Então, podemos realmente chamar esses jovens de adultos no momento vão para a faculdade? Provavelmente não.

O que mudou?

As razões para esta falha na entrada na vida adulta da Geração Z (nascidos entre 1990 e 2010) são apontadas por vários estudos. A principal estará na recessão económica. As dificuldades financeiras levaram muitos universitários a adiar decisões importantes de adultos, como a compra de uma casa. Muitos deles voltaram até para casa dos pais. Muitos começaram a optar por casar e ter filhos mais tarde.

Cerca de 75% dos adolescentes têm acesso a smartphones, o que significa que é um dispositivo comum que tem o poder de afetar crianças de todas as origens raciais e socioeconómicas.

Esta é a causa deste atraso no desenvolvimento mais unânime entre os cientistas sociais. A crescente e omnipresente vida online dos adolescentes e pré-adolescentes estará a fazer decrescer a vida social .

Existem benefícios nesta longa adolescência?

Estudos demonstraram que atrasar os marcos da vida adulta pode levar à meta plasticidade, para que o cérebro de uma pessoa com até 20 anos possa aprender mais facilmente.

«O cérebro adolescente é muito sensível ao feedback», explica Sabine Peters, professora assistente de psicologia educacional e de desenvolvimento da Universidade de Leiden. «Isso faz da adolescência o momento ideal para adquirir e reter novas informações».

E há mais. Começar a ter comportamentos adultos mais tarde leva também a que se corram alguns riscos mais tarde na vida. Poderá assim diminuir o alcoolismo nos jovens e também a taxa de gravidez na adolescência.

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