Nacional
O mistério sem fim de Zé do Pipo

«A polícia não levou. Foi a família da mulher do cantor que levou o carro»

Ter, 12/02/2019 - 13:21

Homem que descobriu o carro de Nuno Batista, mais conhecido por Zé do Pipo, fala à SIC

O caso de Zé do Pipo é um mistério sem fim. Tal como Luís Maia, repórter d'O Programa da Cristina, afirma: «Quanto mais fundo cavamos nesta história, parece que mais pormenores encontramos». 

O programa das manhãs da SIC foi até ao ravina onde foi encontrado o carro de Nuno Batista no dia 7 de novembro. O cantor desapareceu no dia 5 e apenas dois dias depois encontraram a viatura junto  de umas rochas em Peniche. 

Mário foi o homem que deu pela presença estranha daquele carro. Entrevistado por Luís Maia, explicou que achou estranho estar ali aquele carro durante longas horas. 

«Pelo tempo que o carro estava ali. Eu, de dentro da minha casa, estava a ver ali o carro há muito tempo. Quando é alguém que para ali o carro e vai ao pontão não leva tanto tempo e eu estava a ver tempo demais», começa por explicar Mário. 

No dia 7 de novembro, foi este homem que conversou com a família da mulher de Zé do Pipo, Celeste. «Apareceu depois um casal e um rapaz de Peniche a perguntar-me se quando eu pus ali o meu carro se já lá estava aquele. Eram 7h30. Não havia mais carro nenhum», relata. 

«Eu é que telefonei à polícia», conta a testemunha que viu o carro

«Disseram-me que o rapaz tinha ido, na segunda-feira à tarde (dia 5 de novembro), fazer um depósito a Óbidos e nunca mais apareceu. E depois eu é que telefonei à polícia para a polícia tomar conta do assunto», continua. 

Quando questionado sobre o comportamento da Polícia Marítima no local, Mário explica que a polícia ouviu o o que o casal tinha a dizer e não levou o carro.  

«A polícia só ouviu o que o casal disse, o casal era da família da mulher. Primeiro foi a mulher que abriu o carro, é quando encontra carteira, o casaco e o telemóvel. Entretanto chega um outro senhor e é que leva depois do carro. A polícia não levou o carro. Foi a família da mulher [de Nuno Batista] que levou o carro», reforça. 

Antes de voltar a passar a emissão para estúdio, Luís Maia disse ainda que Mário lhe confirmou que o «mar vinha com muita força naquele dia».

Tal como a Nova Gente noticiou na altura do desaparecimento, foram feitas várias buscas no mar logo após o carro ser encontrado.

E, apesar de a família insistir na tese de suicídio, têm sido revelados vários detalhes que não deixam esta história ter um final. 

«É estranho a polícia ter entregado o carro»

Em estúdio estavam os comentadores criminais António Teixeira e Hernâni de Carvalho. Em conversa com Cristina Ferreira, ambos afirmaram que há muitas questões para justificar. 

«Eu defendi aqui que provavelmente tinha sido um suicídio tendo em conta aquilo que sabíamos. Colocou-se a questão de ele ter ido para outro lado, mas ele precisava de carteira e dos documentos [que deixou no carro]», explica António Teixeira. Quando questionado sobre o tempo de Nuno Batista terá andado às voltas pela zona, o comentador explica: «Esteve a refletir. Ninguém toma de ânimo leve a decisão de acabar com a própria vida». 

Hernâni Carvalho continua: «Para mim o que é estranho é a polícia ter entregado o carro. Então? Não há uma peritagem ao carro? Quem é que me garante que dentro do carro não foi mexido por mais ninguém? Devia ter sido feita uma peritagem à carteira, ao telemóvel. Inclusivamente o carro já foi vendido».

«O Ministério Público ainda pediu à Polícia Judiciária a inspeção do veículo, só que nesse momento já tinha sido entregue à família. Depois anulou», conta António. O ex-inspetor da PJ reforça que a polícia devia ter «verificado as chamadas do telefone, em que zonas andou, verificar as contas e que tipo de depósito».

Hernâni continua: «O que é preocupante é que a vida da mulher fica em suspenso, a vida dos filhos fica em suspenso. O dinheiro é importante para as pessoas comerem, para as pessoas irem para a escola».

«Não foi feita uma avaliação ao computador porquê? Podia ter sido avaliado rapidamente e depois se entregue para a família vender. Para a hipótese muito remota de ele ter fugido, havia de haver passos no computador que indicasse», acaba por dizer. 

Passaram mais de três meses desde o desaparecimento e deixou a mulher Celeste e os dois filhos, de 16 e três anos.

Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala e reprodução Instagram

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