Internacional
Neil Jordan

“Lutei contra o 007”

Qui, 29/04/2010 - 17:42

Em Los Angeles, fez de modelo para a marca portuguesa Sacoor Brothers. Nesta entrevista, conta que teve de andar à pancada para ser seleccionado para o filme de Bond.

Como é que foi lutar com a Daniel Craig?

Foi muito divertido. Passámos 3 semanas em Cólon, no Panamá, a ensaiar e o Daniel é fantástico. Ele não é um lutador, mas teve muito treino. Eu já fui pugilista. Trabalhámos a sequência com os coreógrafos e passámos 3 semanas, uma hora todas as noites depois de ele acabar as filmagens, a ensaiar o combate. Depois levámos 3 dias para rodar só aquela cena.

Difícil?

Foi uma coisa agressiva, rápida, violenta. Ambos ficámos com hematomas nos antebraços. Ele atingiu-me tantas vezes na garganta e na cara com o sapato que eu tinha uma marca vermelha. Mas foi muito divertido!

Ele é um Bond muito atlético?

Sim é. Ele é incrivelmente atlético. Em excelente forma. O Daniel tem um instrutor (personal trainer) que trabalha com ele em permanência, além de um nutricionista. O instrutor aconselha-o em tudo e ajuda-o, por exemplo, a ligar os punhos e os tornozelos para prevenir lesões nas cenas de acção. O Daniel trabalha no duro. Isto é, faz um dia de filmagens de 12/13 horas, depois faz uma hora, hora e meia de ensaio das cenas de acção e ainda vai para o ginásio mais uma hora ou hora e meia. Dorme qualquer coisa e recomeça tudo no dia seguinte. Por isso digo que trabalha muito e está em excelente forma.

Soube que para si as audições para o 007 foram diferentes do habitual?

Sim, eles começaram por seleccionar 16 actores que achavam indicados para o papel. Parecia assim uma espécie de Ídolos. Alinharam os 16 frente a um painel de júri onde estava desde o coordenador dos duplos, o assistente, o principal duplo do filme, o director de casting, o produtor, e puseram-nos em grupos de 4 e pediram-nos uma cena de combate 3 contra 1. Ensaiámos aquilo, fizémos a cena, fomos para outra sala… voltámos, escolheram 12, mandaram 4 embora… pediram-nos outra cena de luta, escolheram 10… ao fim de duas horas e meia nisto, ficámos 6. Foram duas horas e meia de pancada, com murros, pontapés, sempre a experimentar, porque eles não estavam bem certos do tipo de golpes que desejavam para a cena. Foi surreal.

É diferente fazer um filme do 007?

É tudo em grande. Pode-se falar do James Bond em qualquer país do mundo que as pessoas sabem quem ele é. É uma figura tão marcante. E há imenso dinheiro para o filme. Especialmente nesta série (os dois com o Daniel Craig), foi tudo melhorado, tem mais acção, o próprio Bond é mais robusto, incrível, muito físico. Há tanta energia no set de filmagem que se tem a sensação de estar a fazer História.

Há um Neil “antes de Bond” e um Neil “depois de Bond”? Mudou-o?

A minha vida mudou no sentido de que Bond é tão high profile, um nível tão alto, que só ter Bond ou Marc Forster no meu curriculum é, de facto, uma referência muito importante. E como o que fiz foi uma cena de acção, uma sequência de luta num filme de grande impacto, comecei a receber muito mais ofertas de trabalho para coisas de acção. Deu-me um empurrão para um patamar superior… o que foi fantástico.

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