"À medida que as semanas passavam, o domínio dele sobre mim aumentava. Não tinha autorização para olhá-lo nos olhos. Tinha de lhe pedir autorização se quisesse levantar, sentar, virar a cabeça ou falar. Ele até me acompanhava quando ia à casa de banho. Depois, acabou por instalar um intercomunicador. O raptor observava-me enquanto me despia para tomar banho. Já estava habituada a que ele me visse nua, por isso pouco protestava.
No entanto, eu não passava de uma criança e precisava de consolo e carinho. Ao fim de alguns meses aprisionada, pedi ao meu raptor que me abraçasse.
Foi difícil. Entrei em pânico claustrofóbico quando ele me apertou com muita força. Após algumas tentativas, conseguimos encontrar uma solução: nem demasiado próximo, nem demasiado apertado, mas mesmo assim, o suficiente para que eu pudesse imaginar que estava a ser abraçada por alguém carinhoso, que gostava de mim.
Um ano e meio após o meu rapto, ele disse de repente: ‘Já não és a Natascha. Agora, pertences-me.’ Ele acabou com o que restava da minha identidade ao ordenar que escolhesse um novo nome.
Escolhi ‘Bibiane’, de um calendário de santos, e essa foi a minha identidade nos sete anos seguintes.
Pouco tempo depois, ele revelou o seu nome: Wolfgang Priklopil. Quando o disse, compreendi que nunca me deixaria sair daquela casa com vida.
Quando fiz 12 anos e entrei na puberdade, o comportamento do raptor mudou drasticamente. Ele começou a tratar-me como se eu fosse suja e nojenta e dava-me pontapés nas canelas ou murros. Também me sujeitava a pequenas agressões sexuais como parte do meu assédio diário." (...)
Siga a Nova Gente no Instagram