Nacional
Miguel Veloso

E a experiência de viver num dos países mais afetados pela pandemia da Covid-19: «Respeitem as regras»

Sáb, 11/04/2020 - 08:00

O jogador português vive em Verona, na região de Vêneto, uma das mais afetadas em Itália pela pandemia da Covid-19, e está fechado em casa com a mulher e os filhos há mais de 15 dias.

O internacional português a alinhar pelo clube italiano Hellas Verona deu uma entrevista a um jornal desportivo português, em que conta como tem vivido os últimos dias fechado em casa, com a mulher, Paola Preziosi, e os dois filhos, Leonardo e Ginevra.

Miguel Veloso, a viver em Verona, na região de Vêneto, uma das mais afetadas pelo novo coronavírus, emigrou para Itália há dez anos, mas não esquece o seu país e deixa apelos e conselhos aos portugueses. Palavras de esperança de quem começou a viver esta pandemia... antes de todos nós.

O jogador e a família

«Está tudo bem, estamos em casa há alguns dias e só dá para sair para ir à farmácia e ao supermercado comprar comida. Só coisas alimentares e de farmácia. Tem de se fazer uma autoprocuração para deslocações ao trabalho, supermercado ou farmácia e, no caso da polícia nos mandar parar e esse papel não corresponder à verdade, podemos apanhar uma multa ou uma pena de prisão.»

Como ocupa os dias

«Praticamente correr atrás deles [dos filhos] e depois fazer algum exercício. Todos os dias, o responsável do clube envia o plano de trabalho para o dia seguinte (...). Já tinha em casa algumas ferramentas de ginásio e é com isso que faço o meu trabalho diário. Se o clube enviou algum material? Não. Trabalho apenas com o que tinha em casa.»

Receio de sair à rua

«Receio, sim, até porque a realidade é que o vírus tem os mesmos sintomas de uma simples constipação. O grande problema são as pessoas de idade, os que têm problemas crónicos ou respiratórios... O meu grande medo é transmitir à minha família ou outras pessoas. É importante respeitar as regras para não transmitirmos ao próximo.»

Vírus não foi levado a sério

«A verdade é que está tudo fechado, as pessoas estão todas em casa. Para mim, o grande problema foi que, de início, ninguém levou muito a sério este vírus e deixaram passar algum tempo. A realidade é que é grave. Neste momento, estamos todos fechados em casa e só saímos para coisas básicas.»

Nem tudo foi feito para travar a tempo a disseminação da pandemia

«Exatamente. E acho que em Portugal aconteceu o mesmo. É difícil ver as praias cheias em Portugal quando é declarada uma pandemia. Em Itália, acabaram por deixar andar e não levar tão a sério este vírus.»

Liga italiana devia ter parado mais cedo

«Porque somos pessoas iguais a todas as outras de todo o Mundo. As pessoas vinham aos estádios e não queríamos infetar ninguém, principalmente a nossa família e colegas. Isto está tudo ligado, deviam ter parado logo. Aliás, vê-se a quantidade de casos, os números do vírus...»

Conselhos aos portugueses

«Acima de tudo, não entrem em pânico, mas que tenham a consciência de que este vírus é mesmo uma realidade e pode facilmente contagiar as outras pessoas. Respeitem as regras, aproveitem este momento para estarem com a família, o que nem sempre sucede quando estamos a trabalhar, e dar mais valor a esses momentos que são impagáveis. O mais importante é a nossa família.»

Texto: Neuza Gomes; Fotos: Reprodução Instagram

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