Madalena Aragão tem 14 anos, mas já dá cartas na representação. A atriz dá vida a Carol, em Nazaré, SIC, e a Ana em Quer O Destino. Em entrevista revela pormenores das duas personagens e relembra um acidente onde viu morrer uma jovem de 22 anos à sua frente, «trauma» que usa para chorar, em Nazaré. E ainda, a história verídica em que se inspirou para dar vida a Ana, em Quer o Destino, TVI.
Entrevista:
Em Quer o Destino, TVI, e em Nazaré, tens momentos muito dramáticos. É fácil chorares?
Já foi mais difícil. Antes eu tinha de pensar em alguma coisa da minha vida. No inicio da Nazaré, eu estava a ir para escola de carro, na marginal, com a minha irmã, uma amiga e outra da minha irmã e a minha mãe e estávamos a comentar em como éramos sortudas em podermos olhar todos os dias para o mar quando de repente tudo fica em câmara lenta.
Eu olho para a frente e vejo um carro que capotou, ouço um berro da minha mãe e entro em pânico. A miúda que estava lá dentro tinha 22 anos, fizeram reanimação, nós vimos tudo, percebemos que ela saiu dali com vida. Fomos nós que chamamos a ambulância, fomos nós que conseguimos que o INEM chegasse rápido, mas poucos minutos depois dela estar no hospital percebemos que afinal ela tinha morrido. A parte pior dessas situações é perceber que somos inúteis e que não podemos fazer nada, a não ser ligar para o 112 (emociona-se).
E por mais que fiquemos com a memória, o carro tem janelas e nós conseguimos parar. Eu não saí do carro, comecei a ter um ataque de pânico… estava uma pessoa morrer à minha frente. É doloroso, eu falo disto e começo a ter novamente as imagens todas na minha cabeça e por mais tempo que passe , toda a gente sabe que isto não se esquece. Estava uma pessoa a morrer e as pessoas que estavam a passar de carro estavam a filmar…
Era nestas imagens que pensavas?
Sim. Mas ultimamente tenho conseguido imaginar que sou mesmo a personagem e ignorar este assunto. Tem sido mais fácil para mim para não estar sempre a remoer. Sei que se continuasse a pensar nisto e não arranjasse outros métodos ia acabar por ser muito triste. Se eu for a personagem dizem corta e eu paro de chorar. Se pensar noutras coisas começo a ter ataques de pânico e a reviver tudo e não é bom.
Como é contracenar com a Sara Barradas?
É a melhor coisa de sempre. É uma ótima atriz e pessoa. Eu aprendo muito com toda a gente, com a Sara é diferente. Ela tornou-se uma amiga. Sempre que tenho uma cena com ela é muito bom, ela é muito atenta e importasse com tudo e com toda a gente.
Gravações interrompidas
Tiveram de interromper as gravações por causa da pandemia. Com reagiste?
Ao início, quando ainda não tinha chegado a Portugal, não demos muita importância. Mas depois, ainda a minha escola não tinha sido encerrada, o pai de uma aluna estava infetado, já tinham feito teste à miúda, mas obviamente que ficamos tidos muito preocupados. Uma semana depois de eu saber que o pai da miúda tinha covid, cancelamos as gravações. Foi difícil porque é uma coisa que amo amo fazer e faz-me falta. As pessoas que vão para a praia ou que não respeitam o isolamento social é muito mau. Este vírus é muito letal para os mais velhos.
Leia a entrevista completa na revista Maria em banca.
Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Divulgação SIC e TVI
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