Nacional
Marcelo Rebelo De Sousa

Cristina Ferreira, Tancos, a Eutanásia e o que pensa de todos os líderes políticos

Dom, 01/03/2020 - 23:51

Marcelo Rebelo de Sousa foi entrevistado por Ricardo Araújo Pereira na estreia de Isto é Gozar com Quem Trabalha

Marcelo Rebelo de Sousa aceitou o desafio e foi o primeiro entrevistado de Ricardo Araújo Pereira no Isto é Gozar com Quem Trabalha. O Presidente da República evocou Cristina Ferreira, exigiu responsabilidades no roubo de armas de Tancos, fugiu à questão da Eutanásia e abriu o jogo quando foi desafiado a enumerar os defeitos e qualidades dos líderes parlamentares. 

Cristina Ferreira, a figura mais querida dos Portugueses 

A entrevista de Ricardo Araújo Pereira a Marcelo Rebelo de Sousa começou com uma provocação, ao se intitular a figura mais querida dos portugueses enquanto perguntava se o Presidente da República já tinha saudades do comentário político de domingo à noite e sugerindo uma selfie. 

“Permita-me discordar, (o Ricardo Araújo Pereira) é a segunda figura mais querida dos portugueses, a primeira é Cristina Ferreira. A selfie sugiro com a Cristina Ferreira como trabalha na mesma casa”. 

A Eutanásia 

Depois, o humorista tocou num assunto que tem agitado a atualidade mediática que a despenalização da eutanásia, aprovada em Parlamento

“Valerá a pena vetar a lei da eutanásia? Mesmo as pessoas que se inscreverem ficam em lista de espera tanto tempo que acabam por morrer de outra coisa?”, provoca RAP. Marcelo Rebelo de Sousa fugiu ao assunto, alegando ser uma matéria sensível para fazer humor.  

“Pergunto-me porque não disse isso aos subscritores dos projetos. Em relação à eutanásia eu acho que os humoristas pensam que podem cobrir tudo na vida - eu não sou humorista, não tenho talento -  mas percebo que o humor possa cobrir o processo político, agora já tenho mais dificuldade em matérias como esta, com a vida e a morte, o sofrimento. Eu aí paro.  São valores muito sensíveis para as pessoas, que vivem com pontos de vistas muito diferentes, legitimamente, e que como Presidente da República tenho que respeitar”. RAP ripostou:  “Se o humor não serve para falar da morte e do sofrimento, não serve para coisa nenhuma”, disse abordando a polémica do roubo de armas de Tancos.

O roubo de Tancos 

Marcelo concordou que o assunto polémico tem de ficar resolvido. “Eu acho que tem de desaparecer, e a única maneira é apurar responsabilidades e culpados. Tem de se apurar responsabilidades doa a quem doer, caia quem cair, do topo até a base.”

Ana Gomes em Belém 

Ricardo Araújo Pereira quis saber quem ficou mais irritado com a candidatura de Ana Gomes à Presidência das República, se “o Presidente ou António Costa?”

“Eu como Presidente da República é o contrário de estar irritado. Eu acho que é positivo. Em democracia é a importância das eleições, quando mais amplo for o leque melhor, só valoriza a eleição haver o maior número de portugueses e portuguesas (nas eleições), essa escolha mais ampla enriquece Portugal”. 

Em que distrito se beija melhor?

Depois, o humorista destacou o facto de Marcelo ser considerado “o presidente dos afetos” e quis saber em que distrito se beija melhor. “O RAP é mais experiente do que eu nessa matéria, foi beijado por mais senhoras. O sítio onde encontrei os abraços mais fortes e beijos mais intensos e manifestações mais vivas foi nas comunidades de emigrantes. Tem uma explicação: é a distancia, a saudade da terra”

E como “aguentou os últimos quatro anos em campanha eleitoral?”

Marcelo explicou que durante a campanha a Belém prometeu “estar no terreno” e que tem cumprido, daí dar a sensação que está sempre em campanha, porque não ficou “fechado num gabinete”.  “Prometi estar no terreno e estou feliz por ter cumprido. Quem cumpre o que promete acaba por correr por gosto e não cansa. Eu não canso”, explica.

Os defeitos e as qualidades dos líderes políticos

Por último, o protagonista de Isto é Gozar com Quem Trabalha desafiou o “presidente afetuoso” a ser “comentador malicioso” e a destacar aspetos positivos e negativos dos líderes parlamentares. 

 

António Costa: “Já vão 4 anos de convívio, com muitas reuniões. O que penso do primeiro-ministro que impressiona favoravelmente é o otimismo e isso é bom, é o otimismo ligado à capacidade de resistência física e psiquíca. Agora há outra face e é irritante: maximiza os cenários favoráveis e minimiza a hipótese de cenários desfavoráveis”

Rui Rui: “O Rui Rui é de uma grande determinação, ele tem certas ideias que considera fundamentais na sua vida, conheci-o sempre assim, será sempre assim. Isto tem vantagens porque não flutua e previsível. A outra face da realidade é quando a determinação elevada ao extremo pode ser uma teimosia”

Catarina Martins: “o que impressiona mais quer em público quer em privado, é a eficácia na comunicação, comunica muito bem. É muito clara, incisiva, a mensagem passa e com grande eficácia. A outra face da moeda, essa facilidade e eficácia de comunicação pode dar a aparência de frieza e dureza. Aquilo que aparece em mensagem muito curta, direta, para algumas pessoas pode parecer como dura de mais, ríspida”

Jerónimo de Sousa: “Talvez a característica pessoal mais positiva seja o afeto, é uma pessoa muito afetuosa em tudo, nos pormenores, no tratamento das pessoas. Está muito ligada à forma de ser, não é simplista, muito direto, muito genuína. O que me impressiona é que é muito preocupado, às vezes dá a sensação que tem o peso do Mundo em cima dos ombros. Vive preocupadamente e vê-se isso na maneira de ser e agir. Poucas vezes tenho encontrado alguém na política tão preocupado, talvez tenha encontrado um antecessor dele que também era muito preocupado” 

Chicão (Francisco Rodrigues dos Santos): "eu conheci-o ainda líder da J. Este período de liderança é recente. É uma pessoa bem intencionada, bons propósitos, voluntarioso e isso é positivo. O problema que tem é a inexperiência, está a dar os primeiros passos. Qualquer pessoa no início do mandado está todos os dias perante situações novas e que tem pela primeira vez de equacionar”

André Silva do PAN: “Do ponto vista pessoal, o bom ter formação para a maneira de viver a vida dos outros, ter um núcleo duro de problemas que não são construídos. Problema é  ser monotemático”

Joacine Katar Moreira, André Ventura e  João Cotrim Figueiredo: “Sobre estes três políticos não tenho dados suficientes para apontar características pessoais porque falei duas vezes com eles, uma para a indigitação e outra sobre o Orçamento de Estado. Terei certamente oportunidade de falar com eles mais vezes, não tenho o à vontade que tenho em relação aos outros”, admite. 

 

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Nuno Moreira e DR 

 

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