Nacional
Manuel Luís Goucha

Orgulhoso com Troféu Impala: «O público que está comigo gosta do meu trabalho»

Qua, 14/10/2020 - 20:12

Em entrevista à NOVA GENTE, Manuel Luís Goucha agradece o prémio de Melhor Apresentador nos Troféus Impala de Televisão. E não tem dúvidas: «Sei que sou dos grandes apresentadores deste país.»

Pelo oitavo ano consecutivo, Manuel Luís Goucha sagrou-se o Melhor Apresentador nos Troféus Impala de Televisão. Os vencedores nas 24 categorias foram dados a conhecer esta quarta-feira e a estrela das manhãs da TVI volta a figurar na lista de premiados, pelo seu desempenho no programa Você na TV!.

Em entrevista à NOVA GENTE, Manuel Luís Goucha reflete sobre esta nova distinção, relativa a «um ano mais difícil» a nível profissional. As palavras são do próprio, aludindo ao facto de, em 2019, ter perdido em audiências, manhã após manhã, para a amiga Cristina Ferreira, numa altura em que a apresentadora era o ativo maior da SIC. Atualmente, é sua diretora na TVI.

Sobre a mais de uma dezena de Troféus que guarda em sua casa, o apresentador não tem dúvidas em eleger aquele que mais prazer lhe deu receber. Foi em 2012, quando o programa da TVI24 Controversos, da sua autoria, foi considerado o Melhor Programa Cultural.

«É uma dádiva da vida e agradeço»

NOVA GENTE – Uma vez mais, ganhou o Troféu Impala Televisão para Melhor Apresentador. Que sabor tem esta vitória pelo oitavo ano?

Manuel Luís Goucha – Repito-me todos os anos: não trabalho a pensar em prémios, não faço questão alguma de ganhar o que quer que seja em termos de distinções. Mas, se elas surgem, pronto… É uma dádiva da vida e agradeço. O melhor disto e o melhor daquilo não existem. Claro que sei que sou dos muito bons. Este prémio, particularmente, tem um sabor especial. Os prémios são sempre relativos ao exercício do ano anterior e o ano anterior foi um ano mais difícil. Foi um ano em que não ganhei audiências. Mas é muito interessante perceber que as audiências não são importantes. O que é importante é fazer o trabalho que gostamos de fazer, com a mesma alegria, com o mesmo empenho, com a mesma dedicação… Depois, o público que votou em mim premiou isso. É um prémio mais interessante por isso, porque diz respeito a um ano que foi mais difícil em termos de audiências.

O facto de continuar a merecer a confiança do público nesta distinção, depois de um ano particularmente difícil, tem um sabor mais especial.

Sim. Sabia que estava nomeado e depois havia-me esquecido completamente, por este ano não haver gala [por causa da pandemia da COVID-19], que os Troféus iam ser entregues agora. Não sei se o público pensa nisso, porque quando vota está a votar já este ano e este ano já é um ano muito agradável e muito tranquilo para mim. Acho que até disse, no ano passado, na cerimónia de prémios: ‘Ainda bem que ganhei este ano, porque para o ano já não vou ganhar’ [risos]. Mas o meu objetivo não é ganhar prémios, é divertir-me no que estou a fazer. No dia em que não me divertir, já não tem graça alguma, já não é prazeroso fazer televisão. Uma vez que é relativo a 2019, não deixa de ser curioso que o público que está comigo se mantém comigo e a gostar do meu trabalho. Agora, isto tem a importância que tem. É agradável. Olhe, é mais um para juntar aos outros.

E já tem vários…

Até tenho mais do que oito. Tenho os do Você na TV! – acho que são dois – e ainda tenho outro do Controversos. Esse, sim, deu-me muito prazer e muito gozo ganhar. Era um programa da minha autoria. Se me perguntar qual me deu mais gozo de ganhar… Gostei muito de ganhar o prémio de Melhor Programa Cultural. É um tipo de televisão de que gosto muito de fazer. Gosto muito de fazer tudo, mas gosto de ter conversas com tempo – aliás, é isso que me está a dar muito gozo agora, com o programa Conta-me, ao sábado. Esse programa cultural Controversos era um programa de entrevistas, ainda por cima com protagonistas da nossa sociedade controversas. Esse Troféu ainda me deu mais gozo de ganhar, porque era um programa meu. Digamos que era um programa muito assente no meu trabalho. Esse deu-me particular prazer recebê-lo.

«Faço parte de uma primeira linha de apresentadores»

Os Troféus Impala de Televisão têm ainda mais importância pelo facto de os vencedores serem escolhidos pelo público?

Vamos ser sinceros: se eu quiser ganhar, invisto em milhares de euros para chamadas telefónicas. Isto tem a importância que tem. Isto está aberto a um telefonema e até posso contratar uma pessoa para ligar inúmeras vezes. Porque sou muito honesto comigo, uma coisa é certa: o gozo está em saber se votam ou não em mim. Portanto, não fiz um único telefonema para mim. Depois há outra coisa… Hoje em dia, as redes sociais, com tudo o que elas têm de perverso – e têm muito -, são uma ótima ferramenta. Se eu puser, como fiz só uma vez, uma mensagem a dizer: ‘Estou nomeado uma vez mais. Isto agora é convosco. Votem em quem mais gostarem’… Tenho um milhão [de seguidores] no Facebook, tenho 700 mil no Instagram… Portanto, claro que tenho aqui uma base de apoio possível muito maior do que alguns dos outros nomeados. E todos eles fizeram isso nas redes sociais. Só que eu tenho um milhão numa e 700 mil e tal noutra. Não sei com quantos votos ganhei, mas não deixa de ser gratificante pensar que é o público que me segue nas redes sociais, aquele contingente de fiéis, que se deve ter mobilizado e que fez com que eu ganhasse uma vez mais.

Considera-se um dos melhores.

Considero-me não. Sei que sou dos grandes apresentadores deste país.

Não se considera o melhor?

Não há o melhor em nada. Considero que faço parte de uma primeira linha de apresentadores. Com certeza. Mas há dúvidas?! [risos] Trabalho diariamente para ser um dos bons apresentadores deste país.

E as novas gerações têm bons talentos na área da apresentação?

Acho que faltam homens, mas sim. Não há muitos jovens apresentadores, há mais jovens apresentadoras. E acho que faz falta o aparecimento de jovens talentosos. Mas há jovens com talento, que têm de trabalhar para chegar a um primeiro plano.

Já se assumiu fã do Vasco Palmeirim.

Sim, mas o Vasco Palmeirim não é uma promessa. É uma confirmação, está na primeira linha. Há uma primeira linha de apresentadores e, depois, há uma segunda linha de apresentadores, que é muitíssimo importante. É como no teatro: há um protagonista e, depois, há outras figuras que são tão importantes quanto o protagonista. Certamente alguns deles, se trabalharem, têm talento para chegar a um primeiro plano. E depois até é capaz de haver uma terceira linha… Agora, em relação ao Vasco Palmeirim, ele é de primeiríssima linha. É bom em tudo. Faz muito bem aquilo que faz. Concursos, animação na rádio… Ainda por cima canta! É completíssimo. O Vasco Palmeirim é uma mais-valia para qualquer estação. É um homem culto e isso tem muito a ver com o facto de ser um homem informado, que se informa, que nasceu e cresceu num caldeirão de cultura, com um pai maestro e uma mãe bailarina.

Mas isso não aconteceu com o Manuel Luís.

Eu não nasci num caldeirão de cultura, mas depois adquiri e adquiro cultura informando-me. Um apresentador de televisão tem de ser uma pessoa… Não digo culta… O que é uma pessoa culta?! Uma pessoa culta nunca está feita, nunca está encerrada. Mas tem de ser informado, tem de ser curioso. Acho que essa é a minha única qualidade.

 

Texto: Dúlio Silva; Fotografias: reprodução redes sociais

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