Nacional
Manel do Barril

Fã de Zé do Pipo ficou-lhe com o lugar e com as bailarinas

Qua, 24/04/2019 - 14:20

Chama-se João Carlos Costa, é casado, tem 29 anos e um filho com dois. Agora, é famoso e acredita que não vai ter mãos a medir com tanto trabalho.

Nunca João Carlos Costa terá imaginado que o desaparecimento do seu cantor preferido, Zé do Pipo, lhe iria abrir a porta para o estrelato e, consequentemente, para um trabalho que gosta de fazer e pelo qual vai ser pago. Vestido de azul-celeste, com óculos redondos na cara e um sorriso de lés a lés, assim é Manel do Barril, o sucessor de Zé do Pipo, que já canta, dança e até já interage com as suas dançarinas, as Barriletes, ex-Piponetes, que o têm ajudado a construir a personagem. Manel do Barril já apareceu na televisão, no programa Olhó Baião, da SIC, e acaba de lançar o novo álbum, Põe o Pau na Ginja Dela, com letras assinadas por Celeste Baptista, «viúva» de Zé do Pipo.

Manel do Barril herdou a herança de Zé do Pipo, mas não o quer substituir: «Vou continuar um projeto que já era de sucesso, e foi uma honra ter sido escolhido no casting. Está a ser muito gratificante», revela o cantor, adiantando: «Estou ligado à música desde os 12 anos e já fazia bailes populares pelas aldeias. Era amigo do Zé e já o tinha visto atuar várias vezes, e mesmo nos bailes que eu fazia, cantava as músicas dele.»

Para João Carlos Costa, ou melhor, para Manel do Barril, «isto foi um sonho que se tornou realidade. Antes cantava usando o meu nome, agora uso uma personagem. Não me incomoda nada e até me protege», explica-nos, dizendo que não quer misturar a família com o trabalho. «O que se dá em cima do palco é lides artísticas, o que se passa a nível familiar é pessoal, portanto, esta personagem até me protege a família», afirma Manel do Barril, muito animado.

Este projeto, com nove anos de vida, continua a dar que falar: «Temos espetáculos marcados a partir de Maio. Temos muitas solicitações para o estrangeiro, comunidades portuguesas. Houve preocupação para só começar em maio, para termos tempo de preparar o espetáculo», sublinha o artista, que, pela primeira vez, se vê a atuar com quatro bailarinas, as mesma de Zé do Pipo. «É que as Barriletes, as minhas bailarinas, que já foram as Piponetes, do Zé Pipo, não me conheciam. Estamos a adaptar-nos e elas têm-me ajudado muito na criação do personagem. Elas dão-me dez a zero ao vivo, já são profissionais a valer, fazem isto com uma perna às costas», diz-nos, confessando que o desaparecimento de Zé do Pipo as deixou sem trabalho. «Elas estavam paradas, havia necessidade de começarmos
a trabalhar; elas têm família e filhos para sustentar. São tão profissionais que são incapazes de trazer ao de cima como era com o Zé do Pipo. Elas nunca me dizem nada, mas noto que ainda estão tristes com o desaparecimento do Zé», conta-nos, confessando-se chocado com o que aconteceu: «Dizem que se suicidou, mas não há um corpo. Sobre isso nem quero dar opinião, porque posso magoar alguém e, na verdade, ninguém sabe de nada», esclarece o jovem, que ainda não conheceu pessoalmente a viúva de Zé do Pipo: «A Celeste Baptista escreveu as letras das músicas, mas eu ainda não a conheci. Ela
é reservada, mas foi quem mais força deu para o projeto continuar. Só tenho de agradecer pelas letras das canções», remata.

Mas, afinal, quem está por detrás da máscara de Manel do Barril? «Uma pessoa animada e com vontade de levar este projeto avante. Sou casado, tenho 29 anos, estou a começar na altura em que o Zé começou também. Tenho um filho, de dois anos, que começa logo a abanar-se com as músicas.» Quanto à sua mulher: «Ficou doida de alegria, porque quando ela me conheceu, eu já fazia os meus bailes. Para mim, é mesmo o realizar de um sonho que tenho desde pequeno. De um momento para o outro, passo a estar na televisão. Acaba por ser estranho. Mesmo os amigos e família ainda não sabem como me tratar, se Manel, se Barril...» Curiosamente, Manel do Barril é uma marca que não se vende sozinha: tem licores, vinhos e até pastéis! Manel explica: «É uma inovação este manancial de marketing, e até herdei a ginja do Zé do Pipo e os pastéis. Agora mudou de nome, mas até licor de chocolate e vinhos nós temos. Vou ter a cara nos supermercados e nos stands, não deixa de ser estranho, mas acho que funciona.» Sobre as expectativas: «Que corra tudo bem, para que possa viver disto. Ainda não comecei os espetáculos, mas tenho a certeza que a minha vida vai melhorar, não vou ter mãos para estar em
todo o lado. Para quem não tinha um rendimento fixo na música, poder fazer o que gosto, e ainda ser pago por isso, não pode haver melhor. Sou um sortudo, vou fazer o que gosto e viver da música», conclui.

Texto: Alexandra Ferreira; Fotos: DR

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