Nacional
Luís Sanchez conta tudo sobre a morte de João Branco

«Olha, ele atirou-se da janela do quarto dele, do 10º andar»

Seg, 18/03/2019 - 13:00

João Branco, um dos elementos da dupla, Storytailors, decidiu por fim à vida em dezembro de 2018.

Passaram-se três meses desde a morte de João Branco, que perdeu a vida a 17 de dezembro de 2018, e só agora Luís Sanchez conseguiu falar abertamente sobre tudo o que aconteceu.

Numa entrevista intimista à revista VOGUE, o companheiro de João Branco revelou como tudo aconteceu naquele fatídico dia do mês de dezembro.

«Nesse dia ele tinha ido a casa da mãe apanhar o nosso jantar. Saiu de casa e eu fiquei lá a resolver algumas coisas do trabalho. Passado uma meia hora recebo uma mensagem dele a dizer: «amo-te» e tinha um coração e eu achei aquilo estranho porque nós não partilhamos muito esse tipo de mensagens, dizemos mais facilmente pessoalmente ou através dos gestos, do que por mensagens, e achei estranho receber essa mensagem e pensei ‘mas ele mandou-me isto quando?’.»

Luís chega mesmo a confessar que ficou um bocado baralhado com a mensagem que recebeu do namorado, mas que ainda lhe chegou a responder, mas sem sucesso.

«Fiquei um pouco baralhado. Naquele minuto eu respondi-lhe com corações e percebi que as mensagens não estavam a ser enviadas e comecei a ficar um pouco preocupado, pensei: «é impossível ter ficado sem bateria» e ele tinha sempre a preocupação de ter de estar contactável. Eu continuei no ‘chat’ e depois nesse preciso momento tive um feeling de que ele estaria a chegar a casa porque ouvi um carro e passados uns três minutos vi que ele não subia, fiquei a pensar no que tinha acontecido.»

Foi por causa de uma atitude estranha da irmã de João que Luís ficou com o coração apertado e a pensar que algo tinha acontecido.

«No meio disto oiço a irmã dele, que é nossa vizinha, a sair à pressa de casa e depois recebo um telefonema, do telemóvel da mãe dele, foi uma situação estranha, e penso: «porque é que ele me está a ligar do telemóvel da mãe?» e eu atendo e era o tio dele, que é vizinho da mãe a dizer: «Luís, estou a ligar não com uma boa notícia, aconteceu uma tragédia», passou-me logo tudo pela cabeça [nada relacionado com João] e ele disse: «não tenho outra forma de dar esta notícia mas o Miguel suicidou-se» e eu nesse momento não quis acreditar e comecei logo a perguntar como tinha acontecido.»

«Vemos a vida em forma de filme e tentamos acreditar que aquilo não é real»

Embora não acreditasse no que tinha acontecido, Luís ficou sempre ao telefone com o tio de João que estava no local no momento em que tudo aconteceu.

«Ele disse: ‘olha, ele atirou-se da janela do quarto dele, do 10º andar, e está cá em baixo’ e eu disse: ‘não consigo acreditar nisso’, entrei em negação.»

Para Luís, «não fazia sentido» o que tinha acabado de acontecer e que naquele momento começou a pensar em várias coisas e nas memórias dos últimos dias.

«Nós pensamos em milhares de coisas naqueles segundos. Fechei-me em mim e nas nossas memórias. O nosso cérebro tenta arranjar fugas também, vemos a vida em forma de filme e tentamos acreditar que aquilo não é real. Pensamos muito no porquê, no que terá acontecido. Pensei no que estivemos a fazer esse dia e no anterior. Para mim não fazia sentido o que tinha acabado de acontecer.»

Para Luís, João «chegou a um ponto em que não aguentou mais os sofrimentos, as pressões e teve um momento de loucura», pelo menos é o que lhe explicam alguns dos psicólogos e psiquiatras com quem tem falado sobre o assunto.

Como tudo começou

João e Luís conheceram-se na faculdade, enquanto os dois tiravam o curso, mas só no segundo ano é que se tornaram mais próximos.

«O João foi a segunda pessoa que eu conheci na turma (…) Foi mais no segundo ano que começamos a ficar mais próximos porque nos começamos a identificar com os universos estéticos que gostávamos. Ambos tínhamos um certo fascínio pelo lado mórbido, ou coisas estranhas, e isso também foi algo que se foi tornando mais evidente.»

O pedido de namoro inesperado

Luís conta ainda que foi surpreendido por João aquando do pedido de namoro. O estilista conta que estavam os dois na mesa de luz quando tudo aconteceu.

«No dia em que o João se declarou, nós estávamos a trabalhar os dois na mesa de luz e ele disse-me: ‘olha, estou apaixonado por ti, acho-te uma pessoa interessante, és inteligente. Já percebemos que temos afinidade e então o que é que achas de começarmos a namorar?’.»

Embora num primeiro momento ficasse sem reação, Luís acabou por não aceitar logo o pedido do companheiro, mas aceitou o gesto e os sentimentos de João.

«Não estava à espera e na altura fui evasivo e disse que respeitava a atitude e os sentimentos dele mas que tinha de pensar. Claro que aí o coração bate mais forte, foi um momento inesperado, e a partir daí ele é que me foi conquistando e a dada altura estávamos envolvidos e nunca mais paramos.»

Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala

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