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Luís Lourenço

Deixa aviso no regresso dos 'Morangos': “Não foi à toa que acabaram”

Dom, 19/02/2023 - 16:00

Exclusivo: Luís Lourenço, que ficou conhecido por ter vestido a pele de Tiago na terceira temporada de “Morangos Com Açúcar”, faz um recuo ao passado e recorda a sua participação na série juvenil. Além disso, à NOVA GENTE, o ator manifesta-se sobre o regresso do formato à TVI.

Os “Morangos Com Açúcar” estão de volta à TVI e a NOVA GENTE esteve à conversa com o ex-moranguito Luís Lourenço, que interpretou o papel de Tiago na terceira temporada. O ator, hoje com 39 anos, não esconde o impacto que a série juvenil teve na sua adolescência, mas receia que as novas edições percam a “energia” que cativou no início milhares de jovens e sejam agora ‘dominadas’ por influencers e pelo mundo da Internet. 

NOVA GENTE: Há algum sentimento de nostalgia com o regresso dos “Morangos Com Açúcar” à TVI? 

Luís Lourenço: Sim. É algo interessante. Nós estamos aqui a pensar que vai ser uns ‘Morangos Com Açúcar’ nos mesmos moldes que antigamente, que era o ano inteiro, e parece-me que não, é por módulos de 10 a 15 episódios. É muito mais pequeno do que aquilo que se está à espera. 
A minha expetativa é se isto vai voltar como deve ser, que é com a mesma energia que havia no início, que é isso que agarra os miúdos, porque espero que não volte como uma série cheia de influencers, pessoas com muitos seguidores. Aí pode não vir a ter sucesso, como já aconteceu com outras séries. 

N.G.: Se dirigisse estas duas novas temporadas, que tipo de abordagem é que teria?

L.L.: Temos de sentir aquilo que as pessoas querem e não só fazer de acordo com aquilo que a sociedade está a vender naquele momento. Nós temos de nos lembrar que os ‘Morangos Com Açúcar’ foram repostos ao longo destes anos e o fascínio que os miúdos têm das primeiras temporadas em comparação com as outras é completamente diferente. O grande erro do futuro da série pode ser esse, isto é, descaracterizar. Se os ‘Morangos’ passarem só a ser redes sociais, sinceramente, acho que não vai funcionar. 

N.G.: Sente que a sua temporada teve um grande impacto?

L.L.: Os ‘Morangos tiveram um enorme impacto na sociedade, mas também havia muito menos informação, não existam redes sociais, era completamente diferente. É curioso. Eu faço espetáculos para crianças, de 5 ou 6 anos, e todas as vezes que elas estão a entrar, chamam-me Tiago. E agora pergunto, porque é que aquela criança que não nasceu naquela geração sabe que eu sou o Tiago?! 

N.G.: As pessoas continuam a reconhecer o Tiago na rua? 

L.L.: Não um há um dia em que vá ao Colombo, que não seja abordado para me falarem do Tiago. E porquê? Os miúdos gostaram daquela geração. Atenção, nada contra as mais recentes, mas depois da quarta, foram caindo. Não foi à toa que acabaram. 

N.G.: Pode partilhar algum momento mais marcante da sua participação na série? 

L.L.: Nunca me esqueço do momento em que estamos a chegar ao Coliseu de Lisboa e há uma multidão que não tem explicação. Houve polícia de intervenção, foi uma loucura. Todo aquele momento de estarmos ali dentro e, nós muito miúdos e a ter conversas de miúdos, perante um palco de 4 mil pessoas, foi um momento memorável. Foi ali que tivemos a perceção da fama que tínhamos na altura. Foi uma loucura, isto e a morte dos Francisco Adam. Isso foi ainda o pináculo da história daquela temporada. 

N.G.: Como gere a fama? 

L.L.: Nunca tive qualquer problema, nem lidei mal com a fama. A fama não me alterou absolutamente nada. Eu sempre achei que era uma consequência do meu trabalho e que tinha de o encarar de uma forma positiva. 

N.G.: Então, consegue identificar uma dificuldade que tenha sentido? 

L.L.: O mais difícil na altura era saber que ia ter de beijar uma atriz e havia uns nervos por pensar: ‘eu vou-te beijar, mas isto é trabalho, não quero nada contigo’. Era algo que me passava pela cabeça na altura dos Morangos. 

N.G.: Há alguma amizade dos tempos da série que se mantenha até hoje?

L.L.: Eu sempre fui uma pessoa fora do círculo. Eu não ia para festas de elenco, nem para jantares e também era mais velho, já tinha 21 na altura. Parte tem a ver com a minha personalidade, por outro lado, eu sou mais recatado e como era mais velho pensava de outra forma. Não ia atrás deles todos. Não pegava num cigarro ou num copo de vinho só porque sim. Eu era aquele que estava fora do grupo.

Mas as amizades foram ficando e depois foram-se afastando. Eu fiquei com uma grande amizade com o FF, a Sónia Brazão, entre outros. Entretanto, agora não tenho nenhuma proximidade com nenhum deles, apesar de nos encontrarmos em eventos, faz-se uma grande festa. Aliás, antes da pandemia fizemos um jantar com a malta dos ‘Morangos de Açúcar’, mesmo antes da pandemia. Ainda fomos uns 20 e tal. O pessoal dá-se na verdade, mas não tenho uma ligação direta com nenhum, assim de ir a casa, etc. 

N.G.: Se o convidassem para esta edição, qual seria a sua resposta? 

L.L.: Se me convidassem, naturalmente, eu iria pensar. Não estou numa fase em que aceito qualquer coisa, mas, aceitaria, em determinadas condições. 

N.G.: E qual o papel que gostaria de representar desta vez?

L.L.: O papel de aluno do 12 º ano de escolaridade, que reprovou duas vezes (risos). Fora de brincadeiras, gostava muito de ser pai de um deles, apesar que sou um bocado novo para ser pai de um jovem adolescente. Se calhar, poderia ser só um professor de artes. O Tiago era das artes. Ou um diretor da escola, por exemplo. 

N.G.: As artes sempre fizeram parte da sua vida… 

L.L.: O meu core business sempre foi no teatro. Fiz algumas novelas, mas o meu plano A sempre foi o teatro e é onde eu estou. Tenho a minha produtora, faço os meus projetos, onde continuo a trabalhar neles todos. Por acaso, estamos agora a elaborar o plano para este ano. Estamos a preparar um projeto do 25 de Abril, que é sobre o dia seguinte e este é o meu foco neste momento porque falta pouco tempo. Além disso, também estou a dirigir um grupo de teatro sénior em Cascais, que vai estrear em março. 

N.G.: Não tem saudades de voltar à televisão?

L.L.: Eu nunca vivi na expetativa de voltar à televisão. Inicialmente fui eu que rejeitei a produção seguinte aos ‘Morangos com Açúcar’. Achei que ainda não tinha qualidade suficiente para me manter em televisão e, então, daí ter ido para o teatro. Já tive oportunidades para regressar, mas por questões de saúde, não pude. Agora que tenho a empresa estruturada, começou a achar que pode vir a acontecer, que posso dar esse passo. 

Leia também o que o ator disse sobre o amor aos 40 anos e o que disse o namoro com a jornalista da SIC, Ana Patrícia Carvalho. 

Texto: Carolina Sousa; Fotos: Arquivo Impala 

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