Nacional
Luís Gaspar

"Escrevi uma carta aos meus pais". Ator revela presente mais especial que ofereceu

Sáb, 25/12/2021 - 15:35

Luís Gaspar, que faz 48 anos a 31 de dezembro, fala sobre o Natal e sobre a Passagem de Ano e conta à NOVA GENTE que memórias tem dos natais da sua infância.

Luís Gaspar faz 48 anos a 31 de dezembro e confessa que a idade já lhe começa a ‘pesar’. O ator, que os telespectadores viram recentemente na novela "Bem me Quer", da TVI, na pele de Barnabé, conta à NOVA GENTE como vai passar o Natal e revela ainda o presente que ofereceu e que mais o marcou: uma carta aos pais.

No telefilme de Natal que a TVI vai emitir, dá vida a um homem que não gosta nada desta época. Como é na vida real?
Eu gosto muito, mas gosto pela parte da reunião familiar. O Natal está transformado numa coisa muito consumista, que se resume à troca de prendas, às idas desenfreadas ao shopping, e acho que é pena. Não devia ser esse o espírito. 

Tem uma família grande?
Não, somos poucos. Tenho uma irmã e passamos com os nossos pais. Não há crianças, por isso acaba por ser mais um jantar de família. 

Mas trocam presentes?
Sim, sim, trocamos. Mas esse não é o foco principal da noite de Natal.

Que memórias tem dos natais da sua infância?
Agora, a maior parte das famílias troca presentes na noite, mas, quando eu era criança, íamos para a cama cedo e era só no dia seguinte, de manhã. Como não tínhamos lareira e tínhamos a chaminé do fogão, era aí que estavam os presentes, porque nós acreditávamos no Pai Natal. E a primeira coisa que fazíamos ao acordar, era ir a correr para a cozinha. 

Lembra-se de algum presente que o tenha marcado?
Em criança, os brinquedos, claro. Agora, já em adulto, lembro-me de receber uma viagem, que me soube muito bem.

E dos que ofereceu?
Houve um ano em que escrevi uma carta aos meus pais. Nem sempre verbalizamos aquilo que sentimos, nem sempre dizemos que amamos, e nessa carta disse-lhes exatamente o que sentia por eles. Disse tudo, não ficou nada por dizer. Ficaram muito comovidos e a chorar.

Luís Gaspar não sente falta de ser protagonista

Terminou recentemente a emissão da novela "Bem me Quer". Que balanço faz deste projeto?
Diverti-me muito. Eu fazia parte do núcleo cómico e há muito tempo que não fazia uma personagem assim. O Barnabé era um homem de aldeia, com esse registo cómico, e tinha algum espaço para improvisar. Ele era pastor, tinha ovelhas, e essa é uma realidade com a qual eu nunca tinha contactado. 

É mais citadino, mais urbano.
Sim, sou. Aliás, a verdade é que eu já tinha tido algum contacto com o campo, sim, porque a minha mãe é da Golegã, mas nunca tinha ordenhado uma ovelha, por exemplo [risos]. E tive de aprender. 

Esses pormenores são fundamentais para dar mais veracidade às personagens… 
Sim, claro. Eu acho que nós vamos sempre buscar algo em nós para as personagens. Ou seja, o que é que eu tenho em mim desta personagem? Quando não temos, imaginamos como é que seria. Às vezes acontece. Ainda recentemente, também passou outra novela que fiz, As Mulheres, que retratava a violência doméstica. Eu batia na minha mulher, que era a Jessica Athayde. Todos nós temos aqui umas zonas, na nossa personalidade, mais sombrias, mas não as manifestamos, porque depois temos valores. E isso é interessante, essa zona cinzenta. E há outra coisa também… Quando eu componho uma personagem, gosto de imaginar quais são as suas fragilidades, em vez de pensar só no lado forte. 

Na novela "Bem me Quer", tinha um registo mais cómico, enquanto que n’"As Mulheres" era uma personagem mais pesada, mais denso. Qual o registo que mais gosta de fazer?
A personagem d’As Mulheres deu-me muito gozo interpretar, porque era uma personagem muito forte, muito densa. E foi muito interessante ir procurar o  lado frágil daquele homem. Porque é que ele era assim? Toda a gente é o que é por algum motivo. Eu lembro-me que, na altura em que gravei, fomos à APAV [Associação Portuguesa de Apoio à Vítima] e falamos com eles para perceber o perfil destes agressores e quase todos eles, em criança, tinham sofrido ou presenciado violência doméstica. E o que fazem em adulto é reproduzir o modelo que vivenciaram na infância. Claro que há pessoas que tem armas para combater isso, mas há outras mais frágeis. 

Na nossa vida acabamos por conhecer pessoas assim, com essa zona cinzenta muito marcada, e nem nos apercebemos. 
É verdade, nem sequer imaginamos! Sejam agressores, pedófilos, assassino… e, aparentemente, são pessoas normalíssimas. É o que acontece também com a depressão, por exemplo. As pessoas deprimidas não parecem deprimidas.

Temos o exemplo recente do Pedro Lima.
Sim, essa grande tragédia. O Pedro era uma pessoa sempre bem disposta. Eu conhecia-o há uns 20 anos, desde as primeiras novelas que fiz. Gostava e gosto muito dele. Tinha imensa admiração por ele e fiquei em choque quando soube dessa notícia. Faz-me muita falta. Ele era único. Era um ser humano único, não há ninguém que se assemelhe.

Já fez variadíssimas personagens, mas nunca foi protagonista. Não sente falta disso?
Não. Acho que os protagonistas não são, necessariamente, as personagens mais interessantes. O que eu gosto de fazer são personagens interessantes, densas, sejam elas cómicas ou dramáticas. Mas não, não sinto falta de ser um protagonista.

Os planos de Luís Gaspar para a Passagem de Ano

Tem algum projeto para breve?
Estou a fazer este telefilme e a seguir há algumas coisas, mas ainda com alguns pontos de interrogação, por isso não posso falar.

Já tem planos para a Passagem de Ano?
Eu faço anos a 31 de dezembro, por isso caso sempre o aniversário com a Passagem de Ano. Nos últimos tempos, tenho feito mais reuniões em casa, com amigos, mas ainda não sei como vai ser este ano.

Faz 48 anos. A idade é uma preocupação?
Não tem a ver com vaidade, mas confesso que neste últimos dois anos, começa a bater aquela coisa dos 50 [risos]. Não me sinto com 50! De repente, começa toda a gente a ser mais nova do que eu. Acho que comecei a pensar que se calhar já não vou viver tanto como já vivi. Mas, enfim… Espero é ter saúde, que isso é mesmo o mais importante.

Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Impala

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