Nacional
Judite Sousa sobre a venda da TVI

«Nem todos os fins justificam os meios»

Sex, 27/12/2019 - 09:40

Judite Sousa, que já não tem qualquer vinculo com Queluz de Baixo, veio a publico falar sobre a venda da TVI à Cofina

A compra da TVI pela Cofina está a um passo de concretizar-se. E o negócio vai custar (ainda) menos à empresa que detém títulos como o jornal Correio da Manhã e o canal de televisão CMTV.

Se, em 2017, a Altice propunha adquirir a Media Capital por 440 milhões de euros, a Cofina acordou, em setembro passado, pagar 255 milhões de euros para concretizar a operação – 181 milhões de euros mais o valor correspondente à dívida da empresa.

Só que, na passada segunda-feira, a Cofina anunciou um novo acordo com a Prisa, a espanhola que ainda tutela a Media Capital, que culmina com a ainda mais acentuada desvalorização da dona da TVI. Numa missiva enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, é comunicado um aditamento ao contrato de compra que refere que «as partes acordaram na redução do preço de aquisição previsto no Contrato de Compra e Venda, que é agora de 123.289.580 euros, assumindo um ‘enterprise value’ de 205.000.000 euros». Ou seja, houve uma depreciação de 50 milhões de euros.

«Temos sempre de aprender com os que sabem mais e melhor»

Nas redes sociais, Judite Sousa, que acordou a rescisão do seu contrato com a TVI em novembro passado, após nove anos de ligação a Queluz de Baixo, veio tecer críticas ao desenvolvimento deste negócio.

A antiga diretora-adjunta de Informação do canal tutelado pela Media Capital nunca se referiu concretamente, todavia, a nenhuma das partes do negócio. «À margem da quadra [natalícia], soubemos hoje que, num curto período de tempo, um negócio na área dos media foi desvalorizado em 50 milhões de euros», começou por escrever a jornalista.

 

De seguida, elencou «algumas conclusões» desta desvalorização. E não foi meiga nas palavras. «Nem todos os fins justificam os meios (frase mil vezes repetida mas sempre atual)», começou por notar a jornalistas, para depois continuar: «Há decisões que se não tivessem sido tomadas no seu devido tempo também elas estariam fortemente desvalorizadas hoje».

 

Judite Sousa termina com uma orientação que, por não ser clara, pode levar a segundas interpretações: «Em algumas áreas, temos sempre de aprender com os que sabem mais e melhor do que nós. Mas isso só está ao alcance dos competentes e seguros das suas convicções não sustentadas em preconceitos.»

 

«Sou livre», diz Judite Sousa na primeira reação ao negócio

 

A exposição do antigo braço-direito de Sérgio Figueiredo, o diretor de Informação da TVI, vem acompanhada por uma fotografia da jornalista captada no Dubai, Emirados Árabes Unidos. «Gosto do risco» e «sou livre», acrescentou Judite Sousa, em forma de hashtag, apelidando-se de «aventureira».

A primeira reação da profissional, nome incontornável na história do jornalismo televisivo em Portugal, acontece pouco mais de um mês depois de, também nas redes sociais, ter anunciado a sua saída da TVI. A decisão com a administração do canal foi tomada «depois de uma longa e serena ponderação» e vem fechar um ciclo de nove anos.

Judite Sousa, recorde-se, mudou-se para Queluz de Baixo a convite de José Alberto Carvalho. Os dois saíram, então, da RTP para formar a direção de Informação da TVI, ele como diretor e ela como sua adjunta. A jornalista despedia-se, assim, daquela que foi a sua casa profissional durante mais de três décadas.

 

O que falta no negócio da compra da TVI pela Cofina?

 

Depois do ‘ok’ da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), foi a vez de, no início do mês, a Autoridade para a Concorrência dar parecer positivo à compra da TVI pela Cofina.

Oficializada esta tomada de posição, as partes interessadas no negócio têm dez dias úteis para se pronunciarem sobre esta decisão. Finalizado este intervalo de tempo, o negócio terá, por fim, o seu desfecho.

Texto: Dúlio Silva; Fotos: Impala e Reprodução Instagram

 

 

 

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