Internacional
Judite De Sousa

"É o regresso às reportagens"

Seg, 08/03/2010 - 17:15

Em Dezembro, faz 50 anos, mas “a idade não me preocupa!” Diz ser geneticamente abençoada e, para além disso, também tem alguns cuidados.

Começou na RTP com 18 anos...
 Respondi a um anúncio no Jornal de Notícias e, de entre centenas,
acabei por ser seleccionada. Não sabia que era para a RTP, só o soube quando fui chamada para prestar provas. Comecei por baixo, como estagiária, sem cunhas, e, entretanto, passaram­-se 30 anos... Há pessoas que não saem da cepa torta, felizmente que não foi o meu caso!

Nunca se sentiu tentada a sair para outro canal?
Surgiram alguns convites, mas entendi que não havia condições para mudar.

Já lhe apeteceu experimentar outras área­s que não a da informação?
Não, nunca. Sou jornalista por vocação. Há muito pouca gente que tenha começado tão cedo como eu. Não vivi aquilo que a maior parte dos jovens dessa idade vivem: sair à noite, namorar muito, ir a festas, dar muitos beijinhos! (Risos)

E isso aconteceu porquê?
A ideia era conseguir um emprego em part­-time, que me proporcionasse alguma autonomia financeira. Entretanto, comecei a trabalhar como jornalista, entusiasmei­-me e acabei por adiar o meu curso superior.

Não teve mais filhos por causa da c­arreira?
Tenho um filho óptimo, que é um ser humano maravilhoso. O André tem 25 anos, está a fazer o estágio em advocacia e nunca me cobrou fosse o que fosse. Uma pessoa que se entrega à carreira da forma como eu sempre me entreguei, obviamente que tem de fazer muito esforço para organizar a sua vida pessoal.

Deve ter sido complicado...
Os meus pais são do Porto, portanto, quando cheguei a Lisboa, não tinha ninguém. Foi um bocado difícil, mas há uma tendência para exagerar. Quando há boa vontade e organização, as pessoas conseguem tudo!

Alguma vez se sentiu subvalorizad­a por ser mulher?
Nunca senti diferenças de género em relação a coisa nenhuma. Sempre estive envolvida em trabalhos importantes, de responsabilidade.

Na adolescência tinha algum ídolo?
Gostava muito da Ana Zanatti como locutora, achava a Alice Cruz lindíssima – surgia sempre deslumbrante nos festivais da canção! –, não perdia uma entrevista da Margarida Marante, gostava muito dos programas do Miguel Sousa Tavares, do Joaquim Letria e das conversas intimistas do Carlos Cruz.

Actualmente, o que mais gosta de ver na televisão?
Vejo tudo o que me é possível ver em termos de informação, quer nos canais nacionais, quer nos internacionais. Praticamente não vejo entretenimento.

Como é a Judite fora do ambiente de trabalho?
Ando sempre a mil! Tenho sempre muitas coisas para fazer, estou envolvida em vários projectos, mas a minha secretária é excelente e organiza­-me a agenda.

Nunca vê novelas ou séries de f­icção?
As minhas energias não estão canalizadas para esse tipo de blá­-blá­-blá.

Como gosta de descontrair?
Em minha casa, com o meu filho e o meu marido. Gosto de ler, ir ao cinema e cozinhar de vez em quando, adoro ver os jornais na cama, dormir até mais tarde ao fim­-de­-semana...

Como se define enquanto mulher?
Sou esforçada, determinada, empenho­-me sempre muito naquilo que me proponho fazer, sou voluntariosa... por vezes até demais!

Quais são os seus defeitos?
Sou muito impaciente, ansiosa, não tenho condescendência para pessoas más, não suporto a inveja...
É fácil conviver consigo?
Claro que sim! Só as pessoas que são preguiçosas, que não têm ambições, é que acham que tenho um feitio difícil.

O seu dia começa cedo?
Às terças e quartas­-feiras sim, porque dou aulas, mas vou passar a acordar mais cedo todos os dias, pois vou arrancar com um novo programa de informação na próxima segunda­-feira, dia 8. O Vidas vai substituir o Notas Soltas com António Vitorino. É o meu regresso às reportagens.

Como se vê daqui a dez anos?
A trabalhar! Apesar de já ter uma carreira longa, com o aumento da idade da reforma é provável que esteja a trabalhar também nessa altura. Nem sequer imagino o que era a minha vida sem trabalhar! (Risos)

Como é ser “primeira­-dama” de Sintra?
Dá­-se a circunstância de ser casada com uma pessoa que está na política, e que até é presidente da Câmara Municipal de Sintra, mas detesto que me apresentem dessa forma. Sempre fui muito ciosa do meu espaço profissional.

Por isso é raro acompanhar o seu marido, Fernando Seara?
Seria um total disparate andar metida nas actividades camarárias! De vez em quando, acompanho­-o a espectáculos no Centro Cultural Olga Cadaval, mas porque o artista me agrada.

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