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José Cid

O segredo por detrás das fotos onde o cantor aparece nu só com um disco

Qui, 14/11/2019 - 09:02

Numa altura em que José Cid recebe uma uma das mais altas condecorações da indústria musical, contamos um dos maiores segredos da sua carreira: o dia em que posou nu para a Nova Gente

Aos 77 anos, José Cid recebeu uma das mais altas condecorações da indústria musical a nível musical: o Grammy de Excelência Musical, que é atribuído pela Academia Latina de Gravação. O troféu foi entregue ao popular, e também polémico, cantor, esta quarta-feira, dia 13 de novembro, durante uma cerimónia em Las Vegas.

A carreira do cantor foi premiada a nível Mundial, 25 anos depois de ter feito história em Portugal, mas por outro motivo, quando se despiu durante uma produção fotográfica para a Nova Gente, na sua quinta da Chamusca, no Ribatejo. 

Para a história ficaram as célebres fotos mas, agora, duas décadas e meia depois, Artur Lourenço, o autor das mesmas, revela os segredos que estiveram na origem desta ousada e excêntrica produção.

À Nova Gente, este fotógrafo conta que o músico, na altura com 52 anos, atravessava um momento difícil na sua carreira. «Fui a casa do José Cid para fazer umas fotografias para a revista Nova Gente. A casa, no caso, a quinta, estava com um aspeto um pouco "desgastado"», começa por dizer.

«O José Cid estava desgostoso»

De seguida prosseguiu explicando como surgiram as imagens. «Durante a sessão, conversávamos sobre as dificuldades que ele passava enquanto artista reconhecido. A sala estava cheia de discos de ouro e Platina, de troféus o que contrastava muito com o restante ambiente. O José Cid estava desgostoso, tinha tanto reconhecimento mas a carreira não era devidamente recompensada.»

Artur explica que a conversa informal entre os dois prosseguiu, até que às tantas o desafiou: «'Opá, só se te fotografasse nu com um disco à frente...', porque isso simbolizava o que ele estava a passar. Tinha os troféus, mas não tinha o resto. Em segundos o Zé, com a boa loucura que se lhe reconhece, estava despido e disse: 'vamos a isso'. E por aí fomos», recorda Artur.

«Se tiverem coragem publiquem»

No regresso à redação da Nova Gente, depois da produção arrojada, o profissional de imagem não estava certo de que o mesmo seria publicado. «Dei as fotografias normais da sessão ao editor e depois num envelope à parte estas. Lembro-me de, com um sorriso, dizer: 'Se tiverem coragem publiquem'. Quando o editor, o saudoso Antonio Simões, abriu o envelope ficou de boca aberta e espantado. Foi um burburinho. Publicaram!»   

Ao todo, as imagens não demoram mais do que 45 minutos a serem registadas na sua totalidade. Na altura, Artur não teve noção de ter feito um trabalho que ficaria célebre, a ponto de Cristina Ferreira se inspirar nele para fazer a capa da sua revista com o jogador, Ricardo Quaresma.

«A partir daí não se falava de outra coisa»

«Na altura, as televisões privadas estavam a dar os primeiros passos e a SIC, no programa, Noite da má Língua, pegou nisso com muita força. A partir daí não se falava de outra coisa. Mal ou bem foi uma fotografia que ficou para a história», reconhece. 

Na verdade, as fotografias já atravessaram duas gerações e continuam a ser faladas, pelo seu conteúdo e não pelo seu propósito – chamar a atenção para a precariedade da profissão de cantor. «Foram feitas num determinado contexto, de espírito aberto e com um objetivo: chamar a atenção para a fragilidade que pode ser a profissão de artista. Se o conseguimos não sei, mas que se falou disso falou», analisa o fotógrafo.

Ainda assim, para Artur Lourenço, foi um importante marco na sua carreira de fotógrafo e considera-o o mais «excêntrico e divertido» que realizou. «Foi muito engraçado fazer estas fotografias», rematou.

Veja a reação de José Cid às imagens mais fortes da sua carreira. 

Texto: Luís Correia; Fotos: Artur Lourenço e Impala

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