Nacional
João Reis Moreira

Bailarino de Conan Osíris alvo de bullying: «Não vou estar a levar chapadas todos os dias»

Qui, 28/03/2019 - 15:00

João Reis Moreira conta que conheceu Conan Osíris durante uma festa de Passagem de Ano. Desde então, tornaram-se grandes amigos

João Reis Moreira, de 23 anos, ficou conhecido ao participar no Festival da Canção como bailarino de Conan Osíris, o vencedor do certame que vai representar Portugal na Eurovisão. Esta quarta-feira, 28 de março, João foi o convidado de honra do programa digital Maluco Beleza, apresentado por Rui Unas.

Além de revelar como foi o primeiro encontro com Conan Osíris, João contou também como foi todo o seu início do mundo da dança. Tudo começou aos 11 anos quando João se sentiu rodeado de preconceitos sobre dança e sobre o próprio gosto por esta arte. «Eu era muito novo, tinha para aí 11 anos, e estava um bocado rodeado de preconceitos sobre dançar e sobre o que seria isso e esse meu gosto, de tal forma rodeado que chegaram a crescer em mim preconceitos sobre mim próprio.»

João considera que na altura, o facto de um rapaz dançar «não era algo socialmente bem aceite» e que tal poderia originar «comentários menos agradáveis». Embora tenha andado numa escola primária onde sempre se sentiu protegido, tal não acontecia quando teve de mudar para uma escola básica, inserida num bairro social, e foi onde começaram os episódios de bullying. «Quando saí da escola primária, onde me sentia protegido, passei para uma escola básica com pessoal com muito mais idade. Cresci no Cacém e esta escola era em Mira-Sintra. Era dentro de um bairro social, então tinha pessoal de várias nacionalidades. Eu era muito pequeno, vestia-me de uma maneira que já fugia da norma e foi aí que comecei a definir o meu próprio estilo.»

Foi precisamente nestes momentos iniciais na escola nova que João começou a sofrer de bullying, não por gostar de dançar, até porque não o fazia na escola, mas sim por ter definido um estilo que na altura ainda não era bem aceite. «Nunca dancei na escola. Bastava já estar a conjugar um verde com um laranja e já levava uma chapada na cabeça.» 

João teve de aprender a viver na escola nova e definir uma posição nos intervalos. «Tive que aprender que ainda tinha mais cinco anos pela frente naquela escola, não vou estar a levar chapadas todos os dias, tive de arranjar formas para conseguir viver bem naquela escola», conta acrescentando que levou as pessoas a aceitá-lo como ele era e que chegou mesmo a ganhar proteção e respeito dos mais crescidos por nunca baixar a cabeça quando era «agredido».

«Forcei as pessoas a aceitarem-me, de alguma forma bati sempre o pé, eu via bue putos a levarem chapadas e a ficarem com a cabeça baixa e a irem para a parte de trás de escola só para não terem de se cruzar com ninguém e eu fui sempre onde tinha de ir, se levasse chapada ficava sempre de cabeça erguida. Isso acabou por levantar interesse por mim e começaram a respeitar-me e a ser protegido pelos mais crescidos.»

Texto: Redação WIN - Conteúdos Digitais; Fotos: RTP e reprodução Instagram

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