Nacional
João Paulo Rodrigues sobre o divórcio

«Foi difícil. Quando o amor termina, não se quer acreditar que ele termina»

Qui, 16/05/2019 - 20:20

João Paulo Rodrigues foi ao programa de Júlia Pinheiro e abriu, pela primeira vez, o coração ao falar da morte do pai, das promessas que ainda não cumpriu, da saudade das filhas e do divórcio, que foi inevitável.

É vestido de forma informal que João Paulo Rodrigues, de 40 anos, entra no plateau do programa Júlia, na emissão desta quinta-feira, dia 16 de maio.

O já conhecido sofá vermelho foi o palco de todas as confissões. Júlia Pinheiro anunciava, instantes antes, «o reencontro, mais aguardado, de grandes amigos e de duas almas que se entendem muito bem». E assim foi.

A relação cúmplice com o pai, António Rodrigues, foi o ponto de partida. «O meu pai era o meu melhor amigo, foi sempre uma pessoa muito preocupada, ele adorava o primeiro filho. O sonho dele sempre foi ser pai e ter um rapaz. Eu dei muita luta quando nasci. Tiveram de por uns ferros e umas ventosas para eu sair! Até para sair dei trabalho!», disse, à medida que ia soltando as primeiras gargalhadas, referindo-se ao parto doloroso que a mãe teve de enfrentar. 

«Ele pôs-se aos saltos em casa e chorou e ficou todo feliz», adiantou, justificando que o pai não conseguiu acompanhar o parto e que, por isso, acompanhou à distância. Saber que o pai vibrou de felicidade com o seu nascimento, deu-lhe a confiança necessária para uma relação estruturada entre pai e filho. Jota sabia que o pai gostava mesmo muito dele, como sublinhou.

A cumplicidade entre os dois ia-se estreitando. «Sempre foi o meu grande protetor, o meu grande amigo e muito afetuoso». O pai dava-lhe «muito mimo», mas o pior estava para vir…

A perda do pai aos 20 anos

Júlia acompanha a história – que já não lhe era desconhecida – ao detalhe e avança que João Paulo Rodrigues perder o pai quando ainda era muito novo. «Perdi… tinha 20 anos», confirma o apresentador. «O meu pai estava doente, em Moçambique, e apanhou o ultimo avião que conseguiu, para Portugal. Ele morreu 15 dias depois... No dia em que eu fiz 20 anos, fui esperá-lo ao aeroporto.»

É aqui que a emoção começa a tomar conta do olhar de Jota, que ficou em choque quando o viu magrinho, muito fraco e muito doente. «Trouxemo-lo para o Porto, cuidei dele, estive a dar-lhe banho...», relembra, salientando que o pai tinha a nítida sensação que estava extremamente debilitado.

«Empurrei as portas da urgência com o pé e levei-o ao colo. Foi difícil»

A última fase foi de luta… Uma luta que não conseguiu, porém, mantê-lo vivo.
«Levei-o ao colo para o hospital. Não conseguia andar, estava muito fraquinho, cheio de dores no corpo todo. Empurrei as portas da urgência com o pé e levei-o ao colo. Foi difícil», confidenciou a Júlia e ao país inteiro, em direto, regressando, na memória, àqueles que foram os últimos dias do progenitor. 

Mas ficaram as boas lembranças. Aquelas que lhe dão a certeza de que a pessoa que hoje é foi parcialmente contruída pelo pai. E é com orgulho que enumera as qualidades que herdou: A honestidade, a lealdade, a integridade. «O meu pai passou-me valores bons.»

Júlia vai confortando o amigo e lamenta que o pai não tenha tido oportunidade para assistir ao sucesso de João Paulo. «Ele vê… Lá do outro lado onde ele está, do outro lado da vida, ele vê. Eu acredito nisso...» Júlia sabe e vai confortando o ex-parceiro televisivo. Dá-lhe a mão e consegue acalmar-lhe o coração. «Uma das coisas que me tocou sempre muito, foi esta profunda ligação a esta ausência que tu transformaste em presença», sintetizou a colega. 
 
«Ele está todo contente», afiança Jota, que acredita que o pai (ainda) o acompanha em todos os passos. Mas há promessas que lamenta ainda não ter conseguido cumprir. Finalizar o curso de direito é uma delas. «Prometi-lhe que acabava o curso de direito. Eu sou muito de experiências rápidas. Faltam oito cadeiras...
A senhora da secretaria, a Rosa Linda, é o nosso anjo lá na Católica do Porto e diz-me sempre: «É agora? Oh, João, acaba lá isto. Não custa nada...» Veremos se acaba ou não. Por agora, está embrenhado noutros projetos.

O início da parceria Julia-Jota e o novo projeto

Foi em 2014 que se formou, oficialmente, a dupla Júlia e Jota. De Querida Júlia a Queridas Manhãs, as manhãs da SIC mudaram de nome para integrar João Paulo Rodrigues num formato que era, já há algum tempo, defendido unicamente por Júlia Pinheiro.

Sem experiência alguma em apresentação, Jota – um nome que se formou a partir desta dupla – estava em pânico na primeiríssima emissão de Queridas Manhãs. «Eu estava a tremer! Tinha mais 20 kg em cima. Era lindo como o sol... Fumava. Estava muito nervoso, estava a morrer. Eu normalmente disfarço o medo das situações com a graçola», confessa o humorista.

A verdade é que já passaram quase 5 anos e hoje está tão diferente. Sobretudo, no que à imagem diz respeito. «Tive de tirar a barba, na altura decidimos que tinha de ter barba», relembra Jota. Esses tempos passaram, o formato conheceu, entretanto, o seu fim e novas portas se abriram para João Paulo Rodrigues. Agora prepara-se para entrar, diariamente e em horário nobre, na casa dos espectadores. «A SIC deu-me este presente de entrar nesta revolução das noites». Golpe de Sorte é o projeto que lhe caiu em mãos e que tem estreia agendada para breve.

Na trama, o ator, que vai defender o papel de Tino, forma par romântico com Carolina Carvalho, a namorada de David Carreira. «Este elenco é maravilhoso. Eu nunca tinha feito ficção, mas isto é mesmo uma revolução na ficção. A qualidade de imagem é brutal, os textos são superlativos. Está a dar-me um gozo imenso fazer isto. Foi mesmo um presente e as pessoas vão adorar. Eu que nunca fui de ver séries e novelas, vou, com certeza, ficar preso.»

O dia em que a dupla se dissipou

A famosa dupla com Júlia Pinheiro é que fez de João Paulo Rodrigues a pessoa que é atualmente. Nem tudo foi fácil, mas a conexão entre os dois foi imediata. Hoje, são amigos para a vida. «Contigo aprendi muita coisa, aprendi contigo que é bom a gente dar-se e entregar-se. Aprendi as coisas mais simples, aprendi a ser apresentador, aprendi a desenrascar-me, aprendi que, todos os dias, um programa é um osso novo cheio de carne para roer. Aprendi mais sobre mim», declarou a Júlia, grato por tantas aprendizagens.

«Eu e a Júlia... Nestes dois anos que marcaram o meu divórcio... Foi contigo que eu desabafei, era contigo que eu chorava e era a ti que contava as coisas.» Pois era. Mas já lá vamos.

A história escondida da capa da Men’s Health

É a veterana quem «puxa» o assunto. «Eu vi-te, ao longo destes anos, a enfrentar uma série de desafios, mas, um deles, foi muito difícil para mim: a capa da Men’s Health.»

Foi nesta fase que João Paulo Rodrigues mudou radicalmente todos os hábitos. Fez uma dieta rigorosa e muito exercício físico.» Sacrifícios que fez, pela primeira vez, e dos quais são se esquece. «Oito, nove meses sem tocar num copo de vinho», além da emiminação drástica de hidratos de carbono. Nada de batata, massas ou arroz, nada.» Uma mudança que já se deu a 7 de maio de 2016, mas que mantém, embora já não seja tão radical. 

Mas, afinal, por que razão esta capa foi importante? «Eu não gosto de falsas modéstias, mas isto gosto de dizer: foi a capa mais vendida e foi a capa que mais deu que falar nos 18 anos da Men’s Health. Orgulho-me muito disso.» É que o diretor da publicação, Pedro Lucas, um dia ousou dizer: «O João Paulo Rodrigues não tem qualidade para ser capa da Men’s Health.» Tudo permaneceria igual, se esta frase não tivesse chegado aos ouvidos de João Paulo Rodrigues: «Contaram-me. Tratei de arranjar nutricionista para mim, um PT.» E foi assim que mudou a sua fisionomua. Um dia, o referido diretor voltou atrás no que havia dito e lá assumiu: «Vamos ter de fazer a capa com este gajo.»

Júlia não para de rir ao ouvir o amigo. «Ninguém duvida que ficaste uma estampa! Que andavas insuportável, andavas.» A apresentadora conta que, nos bastidores, Jota ficou conhecida como ‘O proteínas’! Ouviu-se uma gargalhada geral.

O curso de piloto 

Entretanto, João Paulo Rodrigues mergulhou noutra aventura e está, atualmente, inscrito num curso para ser piloto. Júlia segura os cadernos com apontamentos, super organizadinhos, que elogia imenso: «Este curso vais mesmo acabar?», desafia a comunicadora.
«Vou, vou! Vou mesmo acabar, não tenho dúvidas! Vou, vou», salienta o entrevistado, que anda focadíssimo em concluir os estudos, no que a esta matéria diz respeito.

A separação mãe das filhas

Para último, ficou o assunto mais delicado. Ainda se sente que João Paulo Rodrigues fica melindrado ao ouvir a palavra «divórcio». Júlia lembra o «profundo sofrimento» que Jota sentiu por ter de tomar a decisão que já era irreversível há muito tempo: a separação.

«Foi difícil. Quando o amor termina, não se quer acreditar que ele termina. Por uma lado não queres acreditar que falhaste, que foi um plano, um projeto que falhou, porque tens ali muitas pessoas importantes na tua vida envolvidas, no meu caso, a Juliana, que é uma pessoa importante para mim e vai continuar sempre a ser, de quem gosto mesmo muito», diz, referindo-se à agora ex-mulher. «Ela tinha uma visão de família, de vida que consistia numa família: o pai, a mãe, os filhos… e isto para sempre. Senti, naquela altura, que a deixei ficar mal. Mas quando o amor termina... Quando tu olhas para uma pessoa e vês amizade e não vês mais nada, tu manteres-te na vida de uma pessoa, ocupares na vida dessa pessoa um espaço... Essa pessoa pode ser feliz, pode encontrar alguém que a ame, de todas as formas e que lhe dê tudo aquilo que ela realmente merece», justificou. Não que tivesse de o fazer, mas colocar um ponto final nas especulações tornou-se imperativo. «Ela não compreendeu, espero que um dia compreenda, mas, para mim, foi importante fazê-lo, porque era a minha verdade»

«Estavas em profundo sofrimento…», voltou a salientar Júlia Pinheiro, que acompanhou toda a fase. «Estava, porque a estava a fazê-la sofrer e estava a fazer sofrer as minhas filhas. Quando eu me separei da Juliana, quando saí de casa, já estávamos longe um do outro antes disso, eu vinha às 4 da manhã de um espetáculo e a primeira coisa que eu fazia era ir ao quarto das minhas filhas. E chegar a uma casa que não era minha e não as ver ali...», lamentou, em relação às filhas, Rita, de sete anos, e Sofia, de dois.

Ainda durante as gravações de Queridas Manhãs, a apresentadora testemunhou a imensa tristeza de Jota. «Descias a chorar, choravas no intervalo. Foi muito difícil, mas aguentaste. E foste muito corajoso, porque és uma homem de caráter. Porque a verdade prevalece.» Aquela força extra, serenou Jota. 

Atualmente, João Paulo Rodrigues vive uma relação feliz com a médica otalmologista Ana Amaro, que conheceu precisamente durante o período em que esteve à frente do formato Queridas Manhãs, transmitido na SIC, entre 2014 e 2018.

Texto: Tânia Cabral; Fotos: Reprodução Instagram

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