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Jéssica Biscaia

Imagens das 130 lesões não comovem. Justo garante: " Não foi nada comigo"

Ter, 06/06/2023 - 18:40

Jéssica Biscaia foi brutalmente assassinada em Setúbal por uma dívida da mãe. No julgamento, e perante as provas (registos fotográficos) das agressões que a menina de três anos sofreu, nem a mãe, nem os alegados homicidas se comoveram.

O caso de Jéssica Biscaia chocou o país! O julgamento do caso da menina que foi brutalmente assassinada em Setúbal, por uma dívida da mãe, teria tido início esta segunda-feira, 5 de junho, mas, graças à greve dos funcionários judiciais, a sessão foi adiada e agendada para esta terça-feira. Antes do ínicio do julgamento, a avó paterna mostrou-se visivelmente emocionada: "Não se faz a um animal o que fizeram à minha neta e a principal culpada é a mãe".

Recorde-se que Inês Sanches, a mãe, de 37 anos, está acusada de homicídio qualificiado por omissão do estado de saúde da menina. Inês terá entregue a filha aos alegados homicidas, Ana Cristina, Justo e Esmeralda nunca se tendo importado com as agressões violentas que a menina sofreu. Além disso, chegou a visitar a menina nua e com convulsões e nada fez, tendo sido vista até numa noite de Karaoke com o namorado. Quando finalmente a recebeu em casa, em estado grave, apenas a deitou na cama e deixou-a sozinha 5 horas.

De acordo com o Jornal de Notícias, Ana, Justo e Esmeralda Montes estão acusados de homicídio qualificado e violação. 

O testemunho de Justo

De acordo com uma publicação diária, no tribunal foram mostradas imagens das 130 lesões que provocaram a morte da menina de três anos, e apesar de não deixar ninguém indiferente, não comoveram Justo Montes. Aliás, o mesmo garante que não viu nada, não sabe e nem estava em casa. Porém, revelou que a menina "caiu de um banco e bateu com a cara no chão". A juíza mostrou-lhe a autópsia que revela que a menina tem uma queimadura na cara e não um hematoma. O arguido continuou sereno e manteve sempre a mesmo versão. Além disso, garante que só havia um isqueiro em casa e que se encontrava no seu bolso, não explicando então de que forma é que Jéssica tinha queimaduras feitas com isqueiro. E mais! Não sabe o por quê de ter uma tesoura no bolso (tesoura essa que foi usada para cortar cabelo da menina), nem sabe nada sobre os ovos que usava para esconder droga e que foram encontrados na sua roupa.

 A mesma fonte revela o interrogatório de Justo Mendes que, quando confrontado se nunca asstiu a nada, revela: "Não. Eu não fui! Não sei. Não foi nada comigo. Se eu tivesse visto, eu dizia". O advogado de defesa de Justo, João Murta Xavier fala em "estado de nervosismo" para explicar as contradições e os esquecimentos.

No julgamento, Inês, Tita e Esmeralda remeteram-se ao silêncio.

 

O sofrimento de Jéssica Biscaia que não comoveu nem a própria mãe. 


Recorde-se do caso de Jéssica Biscaia

Jéssica morreu na sequência de alegados maus-tratos. A mãe da menna contou à Polícia Judiciária que tinha uma dívida de menos de 1000 para com Tita. Alegadamente, por serviços de bruxaria. Os suspeitos – Tita, o marido e a filha – terão retido a criança para exigirem o pagamento da dívida. Jéssica terá sido torturada. Além disso, Tita terá feito vários telefonemas a Inês em que se ouviam os gritos da criança. Seria uma pressão para a mãe pagar o valor em falta, por serviços de um bruxedo de amarração. Inês terá sido coagida a não procurar ajuda. Temia que o companheiro descobrisse tudo e que a abandonasse.


Jéssica esteve cerca de cinco dias na casa de Ana Cristina (Tita) e Justo, em Setúbal. Quando a mãe a foi buscar, a menina apresentava sinais de maus tratos. Jéssica viria a falecer no hospital depois da mãe chamar o INEM.

A menina tinha sido sinalizada pela Comissão de Proteção de Menores logo no nascimento. O Tribunal de Família e Menores de Setúbal tinha arquivado o processo a 30 de maio.

O relatório da autópsia a Jéssica mostra que a morte da criança foi provocada por mais de 50 golpes e 130 lesões, sofrendo um deslocamento do crânio e lesões internas fatais.

Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: D.R.

 

 

 

 

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