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Jessica Athayde

Atriz só fala em inglês com Oliver! Saiba os benefícios de uma criança ser bilíngue

Sex, 14/08/2020 - 17:20

Jessica Athayde quer que o filho cresça a falar duas línguas.

Jessica Athayde sempre disse, já desde a gravidez, que falaria sempre com o pequeno Oliver em inglês. Ou pelo menos ia tentar. Recentemente questionada pelos fãs, a atriz confirmou que é isso que acontece na sua casa para que o filho, de um ano, aprenda duas línguas e cresça com esse hábito.

«Em casa só falamos inglês com ele», revelou a mamã, que é luso-britânica.

Ser bilíngue desde bebé: O cérebro agradece e o seu filho também

Aprender várias línguas só traz vantagens para as crianças. E quanto mais cedo começar a educação bilíngue, melhor. O site Crescer, do grupo Impala, entrevistou uma especialista no assunto, que garante que as vantagens são muitas.

Conhecimento de outra cultura, maior desenvolvimento de funções cerebrais, aumento da perceção auditiva, estimular o cérebro, melhorar a fala e autoconhecimento são só algumas das vantagens que as crianças beneficiam com o facto de aprenderem mais do que uma língua.

Quando a criança nasce num contexto familiar em que os pais são falantes nativos de diferentes línguas, o ideal será cada um falar a sua língua materna com a criança desde o seu nascimento. Isto, porque, quando os mais novos desenvolvem duas línguas maternas, não as confundem e não têm desvantagens cognitivas por crescerem com duas línguas.

As vantagens sociais e profissionais

Para Cristina Flores, especialista em bilinguismo, mais do que realçar os benefícios, é importante frisar que não existem desvantagens em adquirir duas (ou mais) línguas em simultâneo na infância.

«Adquirir duas línguas em simultâneo é tão natural para uma criança como adquirir apenas uma língua. Quanto aos benefícios, começamos com os benefícios afetivos. Pensemos numa família de origem portuguesa que reside num país em que a língua da sociedade não seja o português (como em França). Se os pais decidem não usar o português na comunicação com os seus filhos, estes dificilmente adquirem competência produtiva a português. Isto significa que estas crianças terão muitas dificuldades em comunicar com família portuguesa que reside em Portugal. Nestes contextos de emigração, o grande benefício reside em manter os laços afetivos ao país de origem», explica a coordenadora do Departamento de Estudos Germanísticos e Eslavos no Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho.

«Depois existem, obviamente, vantagens sociais e profissionais. Alguém que cresceu com duas línguas na infância será um falante nativo de duas línguas, o que lhe pode abrir portas no mundo de trabalho que estariam fechadas a um falante monolingue. Também existem muitos investigadores que defendem existir uma vantagem cognitiva do bilinguismo, mas esta questão ainda é muito debatida e os resultados empíricos não são consistentes.»

É mais fácil assimilar o vocabulário de várias línguas desde bebé?

«Sim, sabemos com muita certeza que a aquisição de duas línguas na infância é muito semelhante à aquisição de uma só língua, se a criança crescer com contacto frequente com ambas as línguas. Se a criança adquire a língua materna de forma natural e sem esforço (e é isso que acontece), também vai adquirir o vocabulário de duas línguas, que ouve diariamente, com a mesma facilidade e naturalidade», refere a especialista.

Existem psicólogos e pediatras que aconselham os casais a usarem apenas uma língua para não confundir as crianças. Para Cristina Flores, isto não faz qualquer sentido.

«Não faz sentido nenhum e conselhos desses não têm qualquer fundamento empírico. Vêm de pessoas que não se informam e, assim, podem condicionar a vida de uma família. A investigação é consistente em demonstrar que o bilinguismo não leva a confusão, nem a défices cognitivos ou a dificuldades de aprendizagem. Sabemos que os bebés recém-nascidos conseguem distinguir diferentes línguas, isto é, distinguem, sem dificuldade, a língua falada pela mãe de uma língua estrangeira. Isto mostra que nascemos com uma faculdade da linguagem extraordinária, que começa a desenvolver-se no ventre materno. Aliás, mais de metade da população a nível mundial cresce com exposição a uma ou mais línguas. Todo o continente africando é bilingue. Se o bilinguismo levasse a algum tipo de confusão mental, mais de metade da população mundial teria problemas mentais», afirma.

Leia dois casos reais no site Crescer, do grupo Impala.

 

Texto: Filipa Rosa; Fotos: Instagram

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