A intolerância à lactose é mais comum do que se pensa, com as estatísticas da So- ciedade Portuguesa de Gastrenterologia a apontarem para que um terço da população portuguesa sofra deste problema. Números que dão que falar, se pensarmos que esta patologia se traduz numa condição permanente, apesar de poder ser uma consequência temporária que resulta de uma infecção. Manifesta-se por um desconforto abdominal, sobretudo após ingestão de leite, seus derivados e alimentos processados que contenham leite. Saiba que existem soluções lácteas adequadas a todos os graus de intolerância, que permitem beneficiar das propriedades nutricionais dos alimentos. A NOVA GENTE falou com a nutricionista Fernanda Cruz e deixa-lhe algumas dicas.
O que é ?
É a condição que se refere aos sintomas decorrentes da má digestão da lactose (açúcar presente no leite e nos seus derivados). “Quando ingerimos lactose, precisamos de uma enzima, a lactase, para podermos digerir e absorver este açúcar. Quando o nosso organismo deixa de produzi-la ou fá-lo em quantidade insuficiente, a lactose permanece intacta no intestino, dando origem aos sintomas de desconforto.”
Onde se encontra?
As maiores fontes de lactose “são o leite e, em menor quantidade, os seus derivados. Além destes, os alimentos processados também podem ser fonte de lactose se uti-lizarem leite ou derivados como ingrediente. Por isso, é muito importante confirmar a sua presença na lista de ingre-dientes”, sobretudo para into-lerantes que suportam pouca ou nenhuma quantidade de lactose.
Principais sintomas?
Os indícios mais frequentes desta intolerância são “dor e/ou inchaço abdominal, flatulência, náuseas, vómitos e diarreia. Estes sintomas ocorrem, aproximadamente, uma a três horas após a ingestão de lactose”.
Tem tratamento?
O único tratamento satisfatório para este tipo de intolerância é “uma dieta com teor reduzido ou sem lactose. Claro que a quantidade de lactose tolerada depende do grau de intolerância de cada um”.
Cortar no leite?
A eliminação dos lácteos, componente fundamental da alimentação, não é recomendada. “Mesmo tentando compensar com outros alimentos, há o risco de reduzir a ingestão de nutrientes essenciais característicos deste grupo alimentar, tais como cálcio, potássio, fósforo, proteínas, vitaminas A, B2, B12 e niacina. Hoje em dia, existem soluções adequadas a todos os graus de intolerância, que permitem beneficiar das propriedades nutricionais dos lácteos sem quaisquer sintomas.”
Consequências da ingestão
A principal consequência é o desconforto abdominal. “Nem sempre ocorrem sintomas, já que a presença ou ausência de sintomas e a sua magnitude dependem de pessoa para pessoa, da quantidade de lactose consumida e da actividade da enzima lactase. Por isso, muitos intolerantes à lactose são capazes de beber um copo de leite sem manifestar quaisquer sintomas.”
Intolerância vs alergia?
Alergia e intolerância são conceitos que, apesar de diferirem nas causas e cuidados a ter, são muitas vezes confundidos. “As alergias envolvem o sistema imunitário, as intolerâncias não. Relativamente ao leite podem ocorrer duas situações muito distintas: pode ocorrer alergia às proteínas do leite de vaca e a intolerância à lactose. Para não confundir e fazer uma gestão alimentar eficaz, é fundamental evitar autodiagnósticos e consultar sempre o médico.”
Verão = Gelados
Alguns intolerantes à lactose podem comer um gelado sem sintomas. “Para os que têm um maior grau de intolerância, é aconselhável procurar informação sobre os ingredientes utilizados. Quem gosta de gelados caseiros, pode utilizar leite ou iogurtes sem lactose, já disponíveis no mercado para a sua confecção.”
Fontes de lactose
Leite e seus derivados como iogurtes e queijo
Gelados
Margarina
Cereais (pequeno-almoço)
Maionese
Bolachas
Bolos e doces
Frutas de conserva
Sopas instantâneas
Enchidos
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