Nacional
Herman José

«Sair da SIC e ir para a RTP era a única opção possível»

Sáb, 10/10/2020 - 18:55

Herman José conta, em entrevista à TV 7 Dias, como foram «maltratados» pela SIC. Fala, ainda, sobre vários temas que não deixam ninguém indiferente.

Herman José diz, em entrevista exclusiva à TV 7 Dias, que «sair da SIC e ir para a RTP era a única opção possível», pois foram «maltratados».

O humorista recebeu a revista nos bastidores de Cá Por Casa, da RTP1 e conversou sobre temas da atualizade, como a “guerra” de audiências, o envelhecimento e a morte. Fala, também, de saúde mental, das zangas com Maria Vieira e Ana Bola, da forma como a SIC tratou a sua equipa nos anos 2000, entre muitas outras questões.

TV 7 Dias – Como define o seu programa, Cá Por Casa?

Herman José – É o não ir pela lei do menor esforço. Fabricamos um programa de humor dentro do programa, temos convidados, a componente de talk show e a componente de música ao vivo que acho muito importante. Na televisão portuguesa, hoje em dia, não há espaço para música ao vivo. Há muito espaço nos programas de fim de semana, para a música popular, que é sempre em playback e aqui é sempre ao vivo. Há um grande leque de convidados, coisa que não acontece nesses programas. Parece-me muito importante para um canal de serviço público. Não tenho nada contra o que os privados fazem, porque eles têm uma coisa, que é dar lucro aos acionistas. O Cá Por Casa é ter um canal público a fazer outro tipo de televisão, que marca a diferença.

Como olha para esta nova geração do humor?

Olho com encantamento e revendo-me neles quando tinha aquela idade. O César Mourão tem muito a minha escola. Ele nunca escondeu isso. Quando fiz o Hora H, na SIC, ele bateu-me à porta, eu abri essa porta e ele aprendeu muito, muito, muito. Ele faz isto maravilhosamente e está na altura altura certa de o fazer. À medida que o tempo for passando ele fará outras coisas que entenda que deve fazer. Cada idade tem as suas coisas. E quem não pensa nisso é muito infeliz, porque está sempre em perda. O Saramago começou a ser um best seller aos 60 anos. Eu nunca fiz tão bons espetáculos como agora. Os meus melhores espetáculos comecei a fazê-los perto dos 60. Nunca tive tão bom em palco como agora.

Mas nesses espetáculos é o Herman de agora ou inspirado no antigamente?

É este, que tem o domínio dos instrumentos, domínio do material, é um ótimo músico, tem um espólio de coisas passadas fantásticas. Os meus espetáculos ao vivo neste momento, são o melhor que fiz até hoje. O meu auge nesse aspeto está a ser agora a camimho dos 70. É muito curioso. Às vezes dizem-me: “Que bom era fazer de novo o Tal Canal”. Mas não posso fazer a Marilu. Não pode ser um senhor de 60 e tal anos aos pulos… Há alturas e coisas para ser.

«Se um dia me sentir infeliz há uma coisa muito boa chamada médicos e anti depressivos»

Tem-se falado muito de saúde mental… Quando olhamos para o Herman, nunca transmite a dimensão dos problemas. Já sentiu uma tristeza tão grande que o fez ficar muito mal?

Depende o tipo de tristeza, não é? Há tristezas que são domináveis, que têm a ver com as situações do dia-a-dia e que todas as pessoas vão, de uma maneira ou de outra resolvendo. E depois há outra, que é aquela que não se domina, que são as depressões. A depressão é uma coisa terrível, a morte de uma pessoa de quem se goste muito e de quem se dependa, o final de um romance… Esse tipo de coisas, eu felizmente não… A coisa mais forte que tive foi a morte do meu pai, que felizmente consegui que tivesse alguma lógica porque ele já ia a caminho dos 80.

Mas acredito que já tenha ficado em baixo com alguma destas situações…

Nos problemas pragmáticos do dia-a dia,  sou muito alemão a pensar neles. Não sou nada dramático. Assumo, sofro com eles, mas não me ponho como uma carpideira. Nada disso. Sou super frio. E em relação às outras coisas, acho que sou igual aos outros seres humanos. E se um dia me sentir infeliz há uma coisa muito boa chamada médicos e anti depressivos que fazem milagres. Às vezes basta um comprimido que desligue a ânsia, para se ver a vida com outra serenidade. É para isso que a medicina evoluiu, para que a utilizemos sem complexos. As pessoas acham que quanto menos tomarem, mais puras e saudáveis estão a ser, o que é um puro disparate.

E nas desilusões com amigos, também é muito alemão?

Aí ainda sou pior… Porque estou sempre à espera do pior. Espanta-me é quando as pessoas são boas e quando são queridas.

Continue a ler esta entrevista aqui.

Texto: Andreia Costinha de Miranda; Fotos: Helena Morais

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