Uma vez na vida, todos já sofremos de uma ou outra dor nas costas. O vulgar desconforto na coluna tem o nome de raquialgia (dor no ráquis) e pode ter múltiplas causas.
Em muitos casos, há algumas medidas que podemos tomar para ajudar a proteger a nossa coluna. Importa a forma como trabalhamos, que atividade profissional desempenhamos, que esforços fazemos e que posturas adotamos, tanto em ocupação como em descanso. Se tivermos pouco osso na coluna, ou ele estiver danificado, teremos que reforçar a musculatura, para compensar essa deficiência óssea.
Se sentir dor não fique à espera de ir ao médico, porque a coluna é o eixo do esqueleto: influencia tudo em nós e é afetada por todas as atividades que desempenhamos. É o que nos explica Jacinto Monteiro, diretor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar Lisboa Norte – o Hospital de Santa Maria – e professor catedrático na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Causas
Alterações e defeitos de postura
- Ergonomia deficiente (adequação do local de trabalho e do equipamento – a secretária, a cadeira, o ecrã do computador e a posição desses elementos e do conjunto... – ao trabalhador)
- Contrações prejudiciais da musculatura
- Alterações degenerativas da coluna
- Modificações nos discos da coluna
- Sobrecargas de peso
- Acidentes desportivos
- Nas crianças – podem ser causadas por infecções
Causas mais graves:
- Cancro
- Osteoporose
- Fraturas ósseas
- Hérnias
Porque é esta parte do corpo tão vulnerável?
A ortopedia define esta parte do corpo como o esqueleto axial. Funciona como eixo de todo o corpo. A coluna, ou ráquis, é solicitada milhares de vezes no nosso quotidiano. A maioria das nossas ações e movimentos implicam a coluna:
- Levantar
- Sentar
- Correr
- Andar
- Levantar pesos
- Tomar banho
- Carregar as compras
- O simples ato de nos mexermos
O que fazer
Construir uma boa estrutura muscular:
- À frente: abdominais e tórax
- Atrás: lombares
- À volta da coluna
Objetivo:
- Maior proteção óssea
- Defesa dos ligamentos contra os traumas ósseos do dia-a-dia
- O seu ortopedista, e um bom fisioterapeuta, deverão aconselhá-lo nesse campo
A influência do descanso
Dormir bem: É absolutamente indispensável para proteger o ráquis (coluna):
- Precisa de um bom colchão e uma boa cama
- Tem de ter uma boa postura de sono
- O colchão não deve levar a que durma numa espécie de cova ou buraco
- Também não deve ser demasiado rígido
Postura: Não há uma fórmula secreta. Durma na posição em que se sente melhor, e que não lhe provoca dores no dia seguinte
Colchão: A ortopedia não define o tipo ou material ideal Apenas interessa que tenha alguma elasticidade e alguma rigidez. Deve ter uma boa estrutura, que aguente bem a carga (peso) de quem o usa.
O melhor colchão tem molas? Características e materiais especiais? Depende: varia de pessoa para pessoa. Há quem se adapte a qualquer colchão e quem tenha gostos específicos. A forma como cada indivíduo dorme e distribui o peso corporal difere. O ser humano é um “animal de hábitos”: às vezes mudar de colchão pode ser um drama, por não conseguirmos adaptar-nos a um novo.
A coluna dos portugueses
Maior problema: Sobrecarga de peso corporal
- População tem uma grande tendência para a obesidade, incluindo os jovens
- Isso vai ter graves repercussões na coluna
Solução: Vida e alimentação equilibrada e saudável, sem excessos. Evitar álcool, demasiadas calorias, tabaco. Ter bons hábitos de exercício físico e manter uma boa higiene
Uma boa atividade física: Marcha acelerada diária, ou 3 a 4 vezes por semana
Não seja radical: Não tem de ir necessariamente todos os dias ao ginásio – esse tipo de intensidade desportiva também pode prejudicar a coluna. Na alimentação, exercício e rotinas quotidianas, encontre o seu próprio equilíbrio individual
A idade e o ráquis
Muitas queixas da coluna têm que ver com a idade. Porquê?
- Degeneração da coluna, desgaste mecânico do osso
- O envelhecimento é relevante, explicando parte das estatísticas desta patologia, e a sua permanência e gravidade
- Efeitos dos casos mais graves – é afetada, às vezes dramaticamente, a locomoção dos doentes e a sua autonomia
- Nas situações de paralisia, também há degeneração do sistema nervoso
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