Face às circunstâncias atuais e à luta que agora travamos contra um inimigo invisível - o coronavírus -, a ansiedade, o stress, o pânico e o medo tóxico não funcional podem espalhar-se exponencialmente tal como o vírus que procuramos combater, e podem acabar por ter consequências nefastas na nossa vida e na vida dos que amamos e que vivem connosco. 

Foi-nos lançado o desafio de ficar em casa, porém, estar por muito tempo confinado a um único lugar, ainda que seja a nossa própria casa, pode trazer consequências negativas para o nosso bem-estar psicológico, físico e emocional. Por esse motivo, é crucial ter em conta algumas estratégias de comunicação que a ajudarão a evitar conflitos e/ou a resolvê-los.

De forma simplista, a estas estratégias poderemos chamar «Comunicar e Lidar com Aqueles que Amamos». Estas estratégias exigem de nós muita paciência muita coerência (congruência) e muito treino (sem medo de errar porque é ao errar e ao detetar o erro que podemos melhorar).  

• Use o «para quê?» em vez do «porquê»?

O porque leva-nos a focar o problema (por exemplo: «Estás a chorar porquê?») enquanto o «Para quê?» nos leva automaticamente às soluções (por exemplo: «Estás a chorar para quê?»). Ao usar o «Para quê?» iremos diminuir ou anular automaticamente o comportamento do outro que queremos extinguir, incluindo birras dos filhos. 

• Use o «quando... então...» em vez do «se... então...»

Ao dizermos a alguém, «se fizeres isto... então tens aquilo», estamos a pressupor que a pessoa pode não o fazer… Ao dizermos à pessoa, «quando fizeres isso... então tens aquilo», estamos a pressupor que isso vai ser mesmo feito. 

• Evitar o «não»

A mente humana (arte não consciente) funciona por imagens e o «Não» não evoca imagens! Se lhe disser: «Não pense num elefante amarelo!» automaticamente irá surgir na sua mente a imagem do elefante amarelo porque a palavra «Não» é irrelevante para o nosso lado não consciente. De acordo com iso, se disser ao seu filho «Não entres na sala a correr!», a imagem que ele terá é precisamente entrar a correr e ele irá assumir esse comportamento. 

Apesar de dever evitar o não, se por algum motivo o disser, «Não» tem mesmo que ser «Não!» mesmo que mais tarde percebamos que poderíamos ter dito ou feito outra coisa. Um «Não» não pode passar para um «Nim» e depois para um «Sim», sob a pena de perder credibilidade e autoridade.

Para além disso, sempre que disser um «Não» deverá apresentar dois «Sim», ou seja, duas alternativas, por exemplo: «Com isto não! Mas podes brincar com aquilo ... ou com aquilo ...». 

• Fazer perguntas! Responder às perguntas com perguntas!

Perguntar não ofende porém afirmar não só pode ofender como até pode levar-nos ao tribunal e à prisão em determinadas circunstâncias. Efetivamente as afirmações julgam/criticam e ninguém gosta de se sentir julgado ou criticado. 

Faça sempre perguntas com pressuposições, ou seja ao perguntar deve pressupor alguma coisa que terá mesmo de acontecer, dando à pessoa  uma «falsa sensação» de que está a decidir tudo. Por exemplo: «Queres comer a sopa num prato da Minnie ou da Barbie?».

Quando alguém nos faz uma pergunta devemos responder com outra, por exemplo: «Estás chateada?» deveremos responder «O que te parece?» ou «O que te faz pensar isso?» e dar continuidade ao diálogo sempre com perguntas. 

• Usar o «eu» em vez do «tu»

Falar na segunda pessoa (exemplo: «Tu isto … Tu aquilo …») julga e critica.Por essa razão deverá falar na primeira pessoa (exemplo: «Eu estou triste»; «Eu estou a passar-me») uma vez que desta forma faz com que o «outro» se aproxime de nós, porque nos ama, e procura, ainda que inconscientemente, proteger-nos. Saiba que nas relações, quem recua ganha sempre.  

• Criticar/ julgar comportamentos e nunca a pessoa

O que está ou pode estar errado é o comportamento e não a pessoa. Todos nós muitas vezes erramos sem saber que estamos a errar e falhamos sem saber que estamos a falhar. Ninguém falha de propósito, caso contrário isso não seria uma falha e, quando falhamos, só sabemos disso depois de a falha ter ocorrido.

De acordo com isto, não há ladrões, mas sim roubos, não há mentirosos, mas sim mentiras, não há estúpidos, mas sim comportamentos estúpidos.

Para além dessas estratégias, há algumas dicas que certamente irá ser útil e facilitar a gestão da sua vida e da vida dos que a rodeiam nos próximos tempos.

• Crie um horário

Crie um horário (7 colunas = 7 dias da semana x 48 linhas = o seu dia dividido de 30 em 30 minutos). Neste horário colocará absolutamente todas as atividades que ocorrerão no seu dia, incluindo a refeição e o sono). É importante que escolha uma cor diferente para cada atividade (Por exemplo: Dormir - Preto; Refeição - Azul; Ver Televisão - Amarelo; Ler - Vermelho). 

Poderá fazer um horário para si e desafiar os restantes elementos da família a fazer cada um o seu próprio horário! 

Para qualquer dúvida, questão adicional ou marcação de consulta não hesite em contactar: 

Dr. ª Ana Rita Freitas e Dr. Celso Oliveira

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Telefone: 910753167

Crónica de Ana Rita Freitas – Psicóloga Clínica e Dr. Celso Oliveira - Psicoterapia Integrativa com/sem Hipnose
 

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