Internacional
Freddie Mercury

Assistente relata as últimas horas de vida do cantor: «Foi a última vez que conversámos»

Qua, 30/10/2019 - 19:45

Peter Freestone conta que a 10 de novembro de 1991, Freddie Mercury decidiu parar de tomar o medicamento que o mantinha vivo e ele foi um dos três amigos que o acompanhou nas últimas horas de vida

Já passaram 36 anos, mas para Peter Freestone parece que foi ontem. O assistente pessoal de Freddie Mercury deu uma entrevista à Vice e contou detalhes nunca antes contados sobre os últimos dias de vida do vocalista dos Queen.

O assistente e o cantor eram tão próximos que Peter conheceu o lado que o público desconhecia. Além do artista confiante que o mundo conheceu, Freddie era também um homem cheio de vulnerabilidades e inseguranças. 

«Existia aquele que todos conhecemos - no palco do Live Aid, com o mundo na palma da mão - mas também outro, um homem que não podia entrar sozinho numa sala cheia de estranhos, sem a confiança de se apresentar», conta à publicação. 

Há um facto nesta entrevista que, 28 anos após a morte do cantor, está a surpreender o mundo inteiro. Peter Freestone conta que a 10 de novembro de 1991, Freddie Mercury decidiu parar de tomar o medicamento que o mantinha vivo e ele foi um dos três amigos que o acompanhou nas últimas horas de vida. 

Durante a última semana de vida, o cantor teve alguém sempre estava ao seu lado. Três dos seus amigos mais próximos fizeram turnos de 12 horas para garantir que nunca ficasse sozinho.

«Eu estava levantar-me para me ir embora. O Freddie pegou na minha mão e olhámo-nos olhos nos olhos»

«Ele estava tenso no início da semana», recorda Peter. Mas tudo mudou quando - às 20h00 da noite de dia 22 de novembro de 1991 - Freddie confirmou perante o mundo, através de um comunicado, que estava com SIDA.

«Foi exatamente quando comecei as minhas 12 horas com ele», diz. «Nunca tinha visto o Freddie tão relaxado. Não havia mais segredos: ele já não estava a esconder-se. Ele sabia que tinha de divulgar a declaração, caso contrário, pareceria que ele pensava que a SIDA era algo sujo que tinha de ser escondido por baixo do tapete.»

Peter Freestone e Freddie Mercury riram e falar sobre os bons velhos tempos durante horas. Também passaram por momentos de silêncio, onde o assistente ficou a segurar na mão do amigo e patrão. 

«E então eram oito da manhã de sábado», relembra Freestone, com a voz levemente trémula, relata a Vice. «Eu estava levantar-me para me ir embora. O Freddie pegou na minha mão e olhámo-nos olhos nos olhos. Ele disse-me: 'Obrigado'. Não sei se ele decidiu que era hora de ir e sabia que nunca mais me veria. Não sei se me agradeceu pelos 12 anos juntos ou se estava apenas a agradecer-me pelas últimas 12 horas. Foi a última vez que conversámos», termina.

Freddie Mercury morreu a 24 de novembro de 1991, em Londres. O cantor tinha 40 anos.

Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Reuters

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