Fernando Alvim tem 49 anos e a cabeça cheia de ideias. Algumas tão absurdas que se obriga a concretizá-las. Rejeita um fato que não é o seu e prefere a comunicação espontânea. Entre rádio, eventos e comunicação empresarial, prepara-se para voltar ao pequeno ecrã. Eis um homem que não teve de crescer. Depressa. O humorista é o convidado de Nuno Azinheira, esta semana, na NOVA GENTE.
Se procurarmos “Fernando Alvim” no Google, aparece humorista. É o que melhor te define?
Hummm... não sei. Aceito, mas acho que sou um comunicador com alguma piada. Penso que sobretudo estou muito associado às ideias disruptivas que tenho normalmente.
És um idiota, portanto.
Sou um idiota. Acho que são realmente essas ideias que alimentam a minha vida e é com elas que organizo tudo aquilo de que preciso.
Essa é a tua visão de ti. Que visão achas que as pessoas têm do Alvim?
[pausa] Que sou alguém que anda muito perto do caos, que me movo por estas ideias, que são mais invulgares. Acho que as pessoas não estão à espera que eu faça mais do mesmo. Pelo menos, eu gosto de acreditar nisso. Agora, não sei se esta imagem que tenho de mim próprio corresponde à imagem que as pessoas têm de mim. Quero acreditar que também olham para mim como alguém excecionalmente bonito, mas sobretudo uma boa pessoa [gargalhada]. Que pensa cada vez mais de uma forma coletiva e não individual.
Estás a ser irónico?
Não, não. É verdade. Acho que vivemos num tempo em que temos de pensar no outro.
És menos egoísta hoje?
Acho que isso é uma coisa que a idade adulta nos traz. De que importa alguém ser extremamente talentoso se depois se está a borrifar para a comunidade? Isso é uma besta inqualificável.
Estamos no Jardim Zoológico, porque acho que era o sítio adequado para te entrevistar.
Vocês querem deixar-me cá.
Que animal és tu?
Diria que sou um cavalo selvagem. Já disse que sou o rei da selva, mas não sou tão narcísico quanto isso.
“Tão”?
Não sou nada narcísico, na verdade. Mas sim, diria que sou um cavalo selvagem nesse sentido. Acho que sou um pouco indomável, mas isso é que me dá a graça.
Isso aos 20 anos tem graça e aos quase 50 é o quê?
É uma característica que já está em ti e da qual já não consegues fugir. Ainda assim, estou a dizer isto de ser um cavalo selvagem, e não quer dizer que seja insubordinado com as chefias ou com quem comigo trabalha. Acho que sou só um tanto ou quanto imprevisível. Penso que a minha comunicação e a que defendo tem de ter imprevisibilidade. Porque se as pessoas já souberem o que dali vem... É quase como um relacionamento. Costumo dizer que, com a televisão, por exemplo, tenho uma relação aberta. Isto é, não sou refém da televisão, nem ela é refém de mim.
A insubordinação é uma vantagem porque te mantém independente, mas também é desvantagem porque quem está do lado da gestão da televisão não aprecia um tipo que vai para ali mandar bitaites.
Sim, mas eu só posso estar do lado das pessoas que compreendem a minha personalidade e a forma como a minha cabeça pensa. E é dessas pessoas que eu estou sempre ao lado. Nunca estou das outras, das metódicas, das que não aproveitam a minha criatividade. Se me contratam para apresentar uma cerimónia, já sabem que o estão a fazer para trazer criatividade, irreverência e desformatação. Se meterem lá um teleponto, com texto formatado, não vou estar a servir os interesses de quem me contratou nem do público.
Não cabes num fato.
Sim, não caibo num fato muito apertado e metódico, que não aproveita a minha criatividade.
Leia a entrevista completa na NOVA GENTE desta semana.
Texto: Nuno Azinheira; Fotos: Nuno Moreira
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