Ao lado de Maria José Paschoal, é uma das duas personagens de O Cerco a Leningrado, em cena no Auditório Eunice Muñoz, em Oeiras, sob direção de Celso Cleto. “É” e não “faz de” porque “elas [as personagens] são, primeiro do que tudo, filhas do meu instinto, que efetivamente é grande”. No lugar de “instinto”, outros colocam “talento” e acrescentam “desmesurado”. Na sua infindável modéstia, a atriz contrapõe. Diz que “uma personagem é um trabalho permanente”. Faça-se-lhe a vontade: Eunice é um poço inesgotável de “trabalho”.
Na peça O Cerco a Leningrado, que assinala no Auditório Municipal Eunice Muñoz, em Oeiras, os seus 70 anos de carreira, Maria José Paschoal divide o palco consigo e diz que sente um “extraordinário prazer, mas sobretudo uma enorme responsabilidade”.
É uma excelente colega. É a primeira vez que trabalhamos em teatro, mas já tínhamos feito a novela Mar de Paixão.
Tem ideia de quantas peças interpretou ao longo da sua vida?
Não, não me recordo. Devem ser quase 200, talvez.
O que significa 70 anos de carreira?
O privilégio de ter conhecido tanta gente... Tenho 83, estreei-me com 13 no Teatro Nacional com aquela mestra maravilhosa, que me ensinou os primeiros passos, a Amélia Rey Colaço. Uma pessoa muito especial na minha carreira. Depois disso, tive o Ribeirinho, grande mestre da minha geração, e fui por aí fora, enfim, conhecendo encenadores diferentes, Luís Sttau Monteiro, João Mota, Ricardo Pais, Diogo Infante, João Lourenço... Espero não me esquecer de ninguém...
É um exercício de evocação?
Estou evocando os meus pais. Considero-os pais pois através deles realizei um trabalho que me saiu equilibrado.
A idade facilita os caminhos?
Muito. E aumenta o prazer de viver.
Sente-se “cada vez mais jovem”?
Não direi cada vez mais, mas não sinto a idade que tenho. A minha cabeça recusa-se. Como dizia o Daniel [no Alta Definição], e escreveu-o numa dedicatória no livro que agora publicou, a idade não quer nada comigo.
Leia a entrevista completa na edição desta semana, já nas bancas.
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