Nacional
Emanuel vive o drama da psoríase

«Conheço de perto os efeitos nefastos da doença»

Dom, 02/02/2020 - 18:54

Aos 62 anos, Emanuel escreveu o tema Tens Direito a Ser Feliz, uma música para ajudar quem sofre da doença, uma vez que possui «dois familiares que a têm», revelou à Nova Gente

Aos 62 anos, Emanuel escreveu o tema Tens Direito a Ser Feliz, uma música para ajudar quem sofre da doença. O cantor associou-se a esta causa uma vez que possui «dois familiares que a têm», revelou numa entrevista à Nova Gente. 

Tens Direito a Ser Feliz é o nome da música que dá a voz à campanha da PSOPortugal – Associação Portuguesa da Psoríase. O que o levou a associar-se?

Já me associei a algumas causas e, por norma, faço questão de que não seja divulgada a minha participação. Aqui foi o contrário, era mesmo preciso o nome e a cara. Como tenho uma grande proximidade com a psoríase, pois tenho dois familiares que a têm, conheço de perto os efeitos nefastos da doença, que não é muito divulgada. Por isso, pareceu-me que devia juntar-me a esta causa.

A música ajuda a desmitificar esta doença. Já teve algum feedback?

Acho que tem corrido bem e posso dizer que ultrapassou as minhas expectativas. A prova disso é que estive em Tomar, no encontro anual dos doentes com psoríase, onde lhes foi apresentada a música e o teledisco e, para minha surpresa, mais de metade da plateia estava a chorar. Para um compositor como eu, que procura e acredita que a verdadeira música está na emoção, o que ali se passou foi emocionante. Até porque eu estava à espera que a letra fosse compreendida apenas passado algum tempo.

Ficou, então, surpreendido?

Claro que sim. E acredito que grande parte das pessoas percebeu, porque também elas têm a doença. Na realidade, acabei por me colocar no lugar de alguém que tem psoríase. E depois coloquei- me numa outra posição, a de catalisador. Ou seja, efetivamente, a pessoa tem uma doença crónica, não pode alterar isso, mas pode fazer alguma coisa para que não sofra e, claro, isso também passa por derrubar o preconceito. Acima de tudo, há que ter sempre presente que, apesar de a doença ter um aspeto de chaga ou de ferida, não é contagiosa. Pode-se tocar nas pessoas, abraçá-las... Aliás, é muito importante este contacto, pois ajuda a pessoa a sentir-se melhor. Há que desmitificar tudo isto. É urgente, é importante! O único problema é para quem tem a doença, tudo devido ao incómodo, pois dá dor, dá comichão e, claro, o facto de as pessoas olharem um pouco de lado torna tudo bem mais pesado e difícil de suportar. Há que interiorizar que, psicologicamente, é uma doença terrível, muito má! E quem não a tem deve ajudar e essa ajuda pode começar por dizer: “Encosta-te a mim, dá cá a mão”. Um abraço quebra barreiras, muda tudo, e essa é a minha função com esta música.

O Emanuel tem 30 anos de carreira, grande parte das suas músicas fala sobre o ser humano, o ser feliz, o ajudar os outros, o amor... É isso que é realmente importante?

Claro que sim. É isso que é realmente urgente existir na sociedade em que vivemos. É muito importante partilhar a felicidade, o amor. Esta é a minha filosofia de vida, que faço questão de passar para as minhas canções. É claro que, no meu dia-a-dia, sou uma pessoa muito recatada, que faz questão de manter a vida privada nessa esfera. Não mostro a minha casa, o meu carro, a minha intimidade, não uso a família para promover o meu trabalho... não preciso de mostrar isto para ter sucesso. Claro que não critico quem o faz, mas esta é a minha forma de estar na vida. 

Texto: Lurdes de Matos; Fotos: José Manuel Marques e Impala; Produção: Zita Lopes; Cabelo e maquilhagem: All About Makeup; Agradecimentos: Kontiki

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