As doenças inflamatórias do intestino (DII), também conhecidas como doença de Crohn e colite ulcerosa, caracterizam-se por uma inflamação crónica, de causa desconhecida, do intestino delgado no primeiro caso, e do cólon e do recto no segundo. Não escolhem idades, apesar de mais frequentes nas faixas etárias dos 20 e 40 anos. Ao contrário do que se pensa, estas patologias não estão relacionadas com a alimentação, já que não existe nenhuma evidência científica. A NOVA GENTE falou com a gastroenterologista Marília Cravo.
O que são?
As doenças inflamatórias do intestino (DII) são patologias crónicas em que ocorre uma inflamação no tubo digestivo, sobretudo no intestino delgado, no caso da doença de Crohn e no cólon e o recto no caso da colite ulcerosa. “Existe uma inflamação da mucosa intestinal por uma reacção inadequada a certos alimentos em que o nosso organismo responde como se estivéssemos perante uma diarreia aguda ou infecciosa.”
Sintomas?
Variam de paciente para paciente e consoante o tipo de inflamação, mas a maioria das pessoas apresenta um quadro clínico de “diarreia crónica com mais de três semanas de duração, frebres, dores abdominais, náuseas, vómitos e por vezes perda de sangue em jovens entre os 20 e os 40 anos”.
Diagnóstico?
O diagnóstico desta patologia crónica é sempre efectuado com base no historial médico do paciente em questão, com exames complementares e na análise de eventuais sintomas que o doente possa ter. “Uma endoscopia, mais precisamente uma colonoscopia, biopsias e em alguns casos, exames de radiologia dão o diagnóstico final para a doença inflamatória crónica.”
Causas?
Ao contrário do que se pensa os alimentos ingeridos não estão relacionados com a doença, e como tal não estão na origem deste tipo de patologias. “O problema surge de uma susceptibilidade genética das pessoas que respondem de uma forma inadequada a certo tipo de agentes. Desta forma, o organismo acaba por responder com uma inflamação.”
Tratamento
Não têm cura, contudo existem tratamentos que servem para atenuar os sintomas. “Desde há mais de 20 ou 30 anos que o tratamento basilar eram os corticóides. Eficazes em 60 a 80% dos doentes, não tratam, no entanto, a doença crónica. Por isso na década de 90 surgiram os chamados imunomodeladores que servem para mudar essa anormal resposta imunológica. É portanto, um tratamento feito à base de medicação própria para garantir qualidade de vida ao doente. É preciso lembrar que estamos perante uma doença que não tem cura.”
Percentagem de afectados
Os números indicam que existem cerca de dez a 15 mil portugueses com doença crónica do intestino. “50% dos casos de colite ulcerosa e 50% de doença de Crohn, sendo esta segunda a que tem vindo a ganhar mais expressão. A verdade é que os dados indicam que temos valores semelhantes aos dos países do Norte da Europa.”
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