Nacional
Custódia Gallego

Fala sobre a morte do filho, vítima de cancro: «Fez um tratamento e depois adormeceu»

Qua, 20/03/2019 - 19:56

Após dois anos e meio de luta contra um cancro, Baltazar, o filho mais velho de Custódia Gallego, perdeu esta batalha. A atriz revela que se agarrou ao trabalho para superar a dor

Custódia Gallego viu no teatro a salvação após a morte do filho, Baltazar, de 31 anos, que faleceu a 25 de agosto do ano passado. O músico esteve dois anos e meio a lutar contra um cancro, mas acabou por não resistir.

Em entrevista a Júlia Pinheiro, na tarde desta quarta-feira, dia 20 de março, na SIC, a atriz conta que estreou uma peça de teatro nove dias depois do maior drama da sua vida porque «viver a ficção era melhor do que a realidade». 

«Ainda bem que fui [trabalhar]. Eu não consigo dizer que não a compromissos, não sou capaz. Tinha-me comprometido com o João Mota para fazer aquela peça de teatro a partir de 3 de setembro […] não saberia dizer que não e, digo-te, ainda bem porque ter um foco, estar focada... o exercício físico e o trabalho são os únicos momentos em que consigo, por razões diferentes, estar focada e o mundo a volta não estar cheio de buracos», diz. «Foi uma peça muito complicada, mas ainda bem que era aquela peça, aquela ficção era muito melhor do que a minha realidade, era fixe todas as noites ir para ali viver outra coisa.» 

Depois, Custódia Gallego explica, pela primeira vez, como morreu o filho. Baltazar foi fazer «um tratamento normal» contra a doença e não acordou. Morreu dias depois. 

«Deixam-te inerte, é o pior que há»

Ao longo dos dois anos e meio de doença, o mais difícil para Custódia foi lidar com a dúvida. Ficaria o filho totalmente recuperado ou com alguma sequela? «Como outra doença qualquer com o estigma de um cancro, mesmo que saibamos que a ciência está evoluída, é uma situação de dúvida. Durante dois anos e meio o sentimento de dúvida persistia e a dúvida é dos piores sentimentos do mundo. Deixam-te inerte, é o pior que há», desabafa.  

Após a morte de Baltazar e para superar a dor, Custódia Gallego agarrou-se à ideia de que o filho foi feliz e aproveitou a vida ao lado da mãe. «Claro que não o tenho fisicamente, mas para o mal e para o bem, nos dois anos e meio de tratamento [...] eu tive o privilégio, que não é possível a todas as mães, de ter uma relação com um filho adulto que não teria em outras circunstâncias, porque um filho adulto é independente», diz.

«Ele teve uma boa vida»

«Houve tempo para falar, aprofundarmos uma relação que não teríamos aprofundado. Eu sei a quantidade de pessoa que agora já não tenho, mas ele foi isto tudo, portanto eu tenho bué de coisas», afirma, recordando uma frase da companheira do filho que a marcará para sempre. «Ele teve uma boa vida, ele fez tudo o que quis, ele foi feliz, teve sempre ajuda, nunca lhe faltou nada e isto garante-me que o pouco tempo que ele viveu, viveu bem e quem sabe o que seria a seguir. É assim que eu me descansei hoje, quem sabe o que seria a seguir». 

A atriz conta que ninguém estava à espera do dramático desfecho, porque a expetativa era que Baltazar superasse mais um tratamento contra a doença. «Para mim foi evidente, ao longo deste tempo todo, que a expetativa não era aquela […] fez um tratamento e depois adormeceu, os médicos puseram-no a dormir porque era preciso e foram cinco dias à espera que coiso. E o universo tirou-lhe a possibilidade de viver.»

«Não existe fisicamente, doí como o caraças porque eu queria que ele vivesse, porque eu sei que ele tinha bué projetos à espera, concertos... o universo roubou-lhe a vida, isso não sei se alguma vez vou deixar de sentir porque é uma verdade absoluta para mim», lamenta. 

Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala e reprodução Instagram

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