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Crónica Francisco Guerreiro

E depois de fechar o aeroporto Humberto Delgado?

Qua, 15/09/2021 - 22:45

Uma discussão fundamental, existencial diria, e que tem surgido nos debates autárquicos, é sobre que políticas públicas são necessárias para travar os impactos das alterações climáticas.

Uma discussão fundamental, existencial diria, e que tem surgido nos debates autárquicos, é sobre que políticas públicas são necessárias para travar os impactos das alterações climáticas. Infelizmente, pelo que tenho analisado, pouco mais existe que chavões para o eleitor ouvir. Na prática, poucas são as medidas que realmente impactam o dia-a-dia dos munícipes, sobretudo em grandes metrópoles, e que mitiguem ou ajudem a adaptar às profundas alterações climáticas que actualmente vivemos e que se agravarão na próxima década. Em Lisboa, um desses debates é sobre a poluição (atmosférica, sonora e luminosa) gerada pelo Aeroporto Humberto Delgado (Portela). A nível nacional, o Governo socialista já se apressou a negociar a extensão da Portela com um novo aeroporto comercial, no Montijo. Opção não só desastrosa para a biodiversidade como insustentável para a real economia. A nível municipal, e nos debates, os partidos deixam a porta aberta à manutenção da Portela, mesmo reduzindo voos, e só o partido ecologista Volt teve a audácia de propor que, faseadamente, se encerrasse esta infraestrutura aeroportuária e se construísse uma em Alcochete. Mas a medida vanguardista é a de não ceder aos interesses imobiliários e de transformar os mais de 4,2 quilómetros quadrados num parque florestal. Esta medida traria uma qualidade incalculável aos lisboetas e garantiria uma regeneração ecológica dos danos que, durante mais de 81 anos, o aeroporto da Portela causou a todos nós.

Texto: Francisco Guerreiro

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