Nas últimas semanas fomos bombardeados com o urgente plano de reestruturação da TAP e ficámos a saber que, embora já fosse expectável, teremos que sepultar mais 3.3 mil milhões de euros (a mais dos 1.2 mil milhões que já lá estão) nos próximos anos para "salvar" a transportadora aérea. Sendo que o Governo já alertou que em 2021 poderão ser disponibilizados 970 milhões de euros à companhia.
Neste plano vemos cortes salariais, reestruturação e redução da frota, tal como de rotas comerciais mas fica uma pergunta pendente. Visto que o Estado já era accionista da TAP porque é que nunca foi estudada a possibilidade de se privatizar na totalidade a companhia? Ou melhor, será a TAP mesmo estratégica para o país? Quanto custa esta terceira opção?
Isto porque os cenários económicos e empresariais, nesta crise pandémica, foram sempre de incluir mais parceiros privados na companhia ou ficar com a maioria das acções (pré-nacionalização), porém nunca foi estudada e debatida a possibilidade de o Estado não estar neste sector. Porquê? Convenhamos que na União Europeia o sector da aviação contribui com cerca de 3.8% das emissões de gases com efeito de estufa e representa 13.8% das emissões no sector dos transportes (dados de 2017).
Torna-se assim imperativo questionar porque é que nunca esteve na mesa uma terceira opção que nos mostrasse os prós e contras de não "salvarmos" a TAP. Talvez porque a ideologia está a acima do debate aberto e factual do que temos ou não a ganhar com a TAP. E, assim, ficamos todos a perder.
Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado
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