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Crónica de Francisco Guerreiro

Sementes

Qui, 30/09/2021 - 18:47

Diariamente milhões de portugueses e europeus comem com o desconhecimento de onde vêm ou como são produzidos os seus bens alimentares.

Diariamente milhões de portugueses e europeus comem com o desconhecimento de onde vêm ou como são produzidos os seus bens alimentares. Com as autoridades nacionais de alimentação, em Portugal Direcção Geral de Alimentação e Veterinária, e a nível europeu com a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), podemos alimentar-nos de forma genericamente segura. Porém, existem alguns alimentos que advêm de organismos geneticamente modificados e que são, constantemente, empurrados pelos lobbies das grandes indústrias agroalimentares e farmacêuticas nos corredores do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia. 
Estes sempre se assumiram como a solução para a fome mundial, mas na prática nunca cumpriram esse propósito. Pior, promoveram um tipo de produção alimentar baseado na monocultura e pulverização de agrotóxicos nos campos e nos solos. E, a reboque disto tudo, fomos evaporando milhares de espécies de sementes vegetais. E qual é o grande problema deste silencioso desaparecimento? A perda de biodiversidade e da soberania alimentar.
Felizmente há uma crescente percepção que temos de mudar de rumo. Passo a passo vamos atribuindo maior importância à biodiversidade e à sua regeneração. E neste caminho de resiliência vão surgindo faróis de esperança como a Quinta das Águias. Este santuário de biodiversidade, em Paredes de Coura, garante que milhares de sementes são protegidas e semeadas. Mas existe também o Banco Português de Germoplasma Vegetal e no seu site pode ler-se que o mesmo “é hoje uma das maiores infraestruturas de conservação de recursos genéticos do mundo, guardando uma coleção de mais de 47 mil amostras de 150 espécies e 90 géneros de cereais, plantas aromáticas e medicinais, fibras, forragens, pastagens e culturas hortícolas”. 
O que importa reter é que o caminho para a regeneração da biodiversidade e de real transição climática, seja em Portugal, seja na União Europeia, passa pela preservação de mais sementes livres.

Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado

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