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Crónica de Francisco Guerreiro

Pedalar

Qua, 31/08/2022 - 10:42

Como deputado tenho tido vários eventos em diversas cidades na União Europeia e uma das experiências que me tem feito pensar é a de pedalar nas grandes urbes

Como deputado tenho tido vários eventos em diversas cidades na União Europeia e uma das experiências que me tem feito pensar é a de pedalar nas grandes urbes. 

Recentemente estive em Copenhaga e senti que apesar de haver muitas infraestruturas para ciclistas a cidade não está a caminhar para ser uma urbe amiga da mobilidade suave. Isto porque, apesar de ser plana e de ter bastantes vias cicláveis, esta está desenhada para o uso de automóveis. E mesmo o usufruto de veículos suaves não poluentes é condicionado pela poluição generalizada dos restantes transportes na cidade, ainda baseados em combustíveis fósseis. 

Comparo com o esforço que outra cidade está a fazer. Falo de Amesterdão que não só tem mais pessoas a pedalar, criando mesmo filas de trânsito nalguns pontos, como está literalmente a transformar as suas ruas, estradas, bairros e outras infraestruturas para ser ainda mais amiga da mobilidade suave e, consequentemente, das pessoas e dos ecossistemas. 

Infelizmente em Portugal estamos longe sequer do padrão de Copenhaga, quanto mais de Amesterdão, e pelo que assisto em várias cidades, sobretudo as com maior pressão automobilística, a realidade não mudará em breve. É que não basta construir ciclovias para tornar uma cidade ou uma região ciclável. Há que pensar na cidade como um novo polo de mobilidade onde a prioridade são as pessoas e o seu usufruto do espaço público. 
Porquê? Pelos benefícios comprovados para a saúde humana como para os ecossistemas. Mas não só. Convenhamos que estamos a poucos anos de uma revolução na automatização dos transportes. Massificaremos, acredito, o acesso a estes bens e verificaremos as vantagens de usufruir destes veículos automatizados em vez de os possuir. Assim iremos reestruturar o espaço público nas nossas cidades diminuindo, por exemplo, o número de parques de estacionamento conseguindo moldar mais rapidamente as cidades a esta forma de mobilidade suave (seja por bicicleta, skate, trotinetes, etc..).

Francisco Guerreiro, eurodeputado

 

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