Muito se tem falado da Ucrânia ultimamente, porém pelos piores motivos. Mas a grotesca invasão desta nação soberana pela Federação Russa tem surtido um apoio generalizado na população, nas entidades políticas e empresariais, quer nacionais, quer internacionais. Porém, neste conflito tem havido um sector fundamental que, apesar das provações e dificuldades, tem sido crucial para a manutenção alimentar do país tal como fulcral nalgumas operações militares. Falo do agrícola, dos agricultores.

Na sua generalidade, os pequenos e médios agricultores ucranianos, que de forma resiliente permanecem no país, têm continuado as suas produções e colheitas, garantindo assim algum tipo de sustentabilidade alimentar. Segundo dados de cooperativas agrícolas, estes pequenos e médios agricultores ucranianos representam 98% da produção de batatas, 86% de vegetais, 85% de fruta e 81% de leite. Estes valores representam cerca de 4 milhões de agricultores e, mesmo havendo grandes produções no país, têm sido estes milhões que activamente continuam a trabalhar e a garantir a subsistência de quem escolheu ou teve de ficar no país a lutar.

Importa relevar o seu trabalho e dedicação porque muitas das grandes concentrações agroalimentares foram abandonadas, por tempo indefinido, devido à fuga de oligarcas ucranianos do país. Isto demonstra mais uma vez que um sistema mais descentralizado e focado em múltiplas operações agroalimentares é mais resiliente e seguro.

Em paralelo temos visto vários agricultores, com os seus tractores, a ajudarem o exército ucraniano a desimpedir estradas, na manutenção de infraestruturas e mesmo a rebocar maquinaria militar deixada para trás por parte do exército russo.

Estes actos, em paralelo ao que fazem diariamente em prol da sobrevivência do seu país, são realmente de louvar.

Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado

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