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Crónica de Francisco Guerreiro

Obrigado, Cristina Rodrigues

Qua, 22/12/2021 - 12:06

Conheci a Cristina quando foi entrevistada, ainda se fazia disso no PAN, para ser assessora jurídica. Num ápice, ela, acutilante, interventiva e trabalhadora, interessou-se pelo projecto e, durante vários anos, ajudou-o a crescer. Por mérito, chegou a coordenadora da Secretaria de Acção Jurídica e a chefe de gabinete do deputado único (em 2015).

Conheci a Cristina quando foi entrevistada, ainda se fazia disso no PAN, para ser assessora jurídica. Num ápice, ela, acutilante, interventiva e trabalhadora, interessou-se pelo projecto e, durante vários anos, ajudou-o a crescer. Por mérito, chegou a coordenadora da Secretaria de Acção Jurídica e a chefe de gabinete do deputado único (em 2015).

Durante estes anos tive o gosto de partilhar com ela, mesmo depois da sua eleição para deputada (em 2019), muitas batalhas dentro e fora deste partido. Umas vencemos, outras não. Mas uma coisa é certa pela projecção que teve quando, corajosamente, saiu da bancada parlamentar e deixou de ter entraves: o seu trabalho, carisma e acutilância política sobressaíram. Mas não só. Continuou a ajudar de modo altruísta inúmeras pessoas e ONG, manteve-se junto da sociedade civil e teve sempre a humildade de pedir conselhos quando não dominava determinada matéria. Avançou e destacou-se, entre outras matérias, na defesa dos direitos das mulheres, da comunidade cultural e do bem-estar animal.

Esta forma de estar na vida e na política vão fazer falta na Assembleia da República. Isto porque a Cristina decidiu não se recandidatar. Estou certo de que teve vários convites, mas, por um motivo ou outro, não os aceitou. Sei que continuará a ter o seu papel político, mas também sei que a democracia parlamentar ficará mais pobre nestes 4 anos.

E, neste campo, creio que existe um problema de fundo que afasta a entrada de mais pessoas como a Cristina. Uma lei eleitoral que apenas contempla candidaturas partidárias e exclui possibilidades como candidaturas independentes e/ou de movimentos não partidários. Falta pensar, debater e alterar a Constituição para que se tenha um sistema eleitoral mais inclusivo, dinâmico e representativo, pois só assim demonstraremos que estamos atentos à sociedade civil. Há muito por fazer dentro e fora do Parlamento Nacional, e sei que ela continuará a ser um factor positivo de mudança política. Por tudo isto e pelo que há-de vir, pela amizade e activismo, obrigado, Cristina.

Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado

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