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Crónica de Francisco Guerreiro

Num frio de rachar

Qua, 13/01/2021 - 17:20

Em pleno século XXI, num país que se considera desenvolvido, 18,9% dos portugueses, contra 6,9% da média europeia, passam frio na sua habitação porque não têm dinheiro suficiente para o aquecimento.

Em pleno século XXI, num país que se considera desenvolvido, 18,9% dos portugueses, contra 6,9% da média europeia, passam frio na sua habitação porque não têm dinheiro suficiente para o aquecimento. Ou seja, um em cada cinco cidadãos. Segundo os dados da Eurostat, acresce que 24,4%, contra 12,7% da média europeia, ainda têm problemas de infiltrações ou mesmo chuva dentro das suas residências, o que resulta que um de cada quatro portugueses sobrevive nestas condições de inabitabilidade.

Para piorar esta situação, somos quem mais paga pela electricidade doméstica na Europa, medida em paridade com o poder de compra. Esta pobreza energética resulta da falta de estratégica e investimento público e privado no parque habitacional, tal como na falta de visão para implementar projectos de independência e eficiência energética para pessoas, famílias e empresas.

Deverá ser este o papel do Estado. Reinvestir e legislar na garantia de que os imóveis são construídos com a máxima eficiência energética e que os edificados mais antigos tenham reais apoios para a sua renovação (os 4,5 milhões do Fundo Ambiental para estas renovações são trocos). Precisamos também de garantir que não estamos presos a um paradigma de dependência de grandes empresas energéticas e que se aposta na independência de pessoas, famílias e empresas.

Isto, sim, é um Estado Social forte, um que não coloque o ónus da escolha entre morrer de frio ou de fome aos seus cidadãos

Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado

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